Candidato verde colombiano é bom administrador e pouco hábil politicamente

  • Por Agencia EFE
  • 23/05/2014 19h34

Ovidio Castro Medina.

Bogotá, 23 mai (EFE).- O especialista em política urbana Enrique Peñalosa concorre à presidência da Colômbia como candidato da Aliança Verde com o aval de ter sido um dos melhores prefeitos de Bogotá, mas sua ambiguidade política e distância da realidade nacional o fizeram cair nas pesquisas.

Os habitantes de Bogotá lembram dele pelas boas iniciativas que iniciou e que mudaram o rosto da cidade: rede de bibliotecas, dezenas de quilômetros de ciclovias e jardins.

E, sobretudo, pelo Transmilenio, um sistema de ônibus articulados transformado em uma bem-sucedida experiência de transporte em massa que foi exemplo para outras capitais latino-americanas, como Lima.

Peñalosa nasceu em Washington em 1954, quando seu pai, o político liberal e diplomata Enrique Peñalosa Camargo, trabalhava no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), mas renunciou à cidadania americana para se dedicar à política nacional.

Embora complete 60 anos em setembro próximo, aparenta bem menos: uma jovialidade que acompanha sua atitude ecologista e suas críticas aos políticos tradicionais.

Com um plano de governo baseado na educação e na luta anticorrupção, poucos duvidam de sua honradez. É obcecado com o planejamento urbano e se movimenta por Bogotá de bicicleta, a que usou durante esta campanha para se aproximar dos cidadãos.

Dono de um currículo brilhante, Peñalosa estudou Economia na Universidade de Duke (Estados Unidos), fez um mestrado no Instituto Internacional de Administração Pública de Paris e um doutorado na Universidade de Paris.

Quando retornou à Colômbia se dedicou ao ensino e trabalhou no setor público, mas sempre lhe interessou a política e em 1990 foi eleito congressista pelo Partido Liberal.

Tentou em 1994 ser prefeito de Bogotá sem sucesso e o alcançou quatro anos depois. Quando terminou sua gestão voltou a viver no exterior e desde então não voltou a ganhar um só cargo eletivo. Esta é a primeira vez que concorre à presidência.

As urnas lhe deram as costas quando quis ser prefeito em 2007 e 2011; além disso, tentou em 2010 ser candidato dos Verdes à presidência.

No entanto, foi derrotado na consulta interna por Antanas Mockus, outro ex-prefeito de Bogotá brilhante que chegou perto da Chefia do Estado, derrotado por Juan Manuel Santos.

Paradoxalmente, sua boa fama de administrador correu paralela à de político pouco hábil, e nesse sentido seu pior erro foi aceitar o apoio do ex-presidente Álvaro Uribe em sua campanha de 2011, o que se traduziu em um enorme fracasso na disputa contra o atual prefeito de Bogotá, o progressista e ex-guerrilheiro Gustavo Petro.

Essa ambiguidade política, refletida em suas faceirices com o direitista Uribe que contrastam com suas propostas ecologistas e educativas, é uma das razões dos abalos que as pesquisas lhe mostram em momentos decisivos.

A campanha atual é outro exemplo, já que chegou a estar em segundo e fez crer que ia disputar o segundo turno com o presidente Santos, mas a dias das eleições do dia 25 de maio é o último da fila com apenas 9,4% das intenções de voto.

Outro erro nesta campanha pôde ter sido subestimar as regiões e o campo colombiano, ao considerar que seu país é “urbano” e justificar nesse suposto a falta de interesse dos cidadãos por resolver o conflito armado que se prolonga há 50 anos e que – segundo sua opinião – é um “problema rural”.

Por isso, muitos colombianos dizem, com ironia, que Peñalosa é um político para países como Suécia e Noruega, mas não para a Colômbia, carregado de problemas, conflitos e desigualdade.

Casado com Liliana Sánchez e pai de dois filhos, Renata e Martín, Peñalosa há eleito companheira de fórmula e candidata à vice-presidência a Isabel Segóvia, a ex-vice-ministra de Educação durante o governo de Uribe e empresa de consultoria do Banco Mundial. EFE

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