Cantareira repete maior alta e se aproxima de primeira cota do volume morto

O nível do Sistema Cantareira subiu seis décimos nesta quinta (19), repetindo a maior alta desde o início da crise hídrica que teve no dia anterior. O armazenamento teve alta de 8,9% para 9,5%. Contudo, a segunda cota do volume morto será reabastecida e o Cantareira entrará na primeira reserva de água abaixo da captação regular apenas quando o nível chegar a 10,7%.

O Estado de São Paulo teme que a melhora dos últimos dias façam com que as pessoas deixem de economizar água, uma vez que a situação ainda é crítica, informou o repórter Thiago Uberreich.

Outros reservatórios que abastecem menos pessoas que o Cantareira foram de igual modo beneficiados pelas chuvas do último dia. O Guarapiranga subiu de 56,3% para 56,8%. O Alto Tietê foi de 16,3% para 17,2%. Rio Claro (34,8%), Rio Grande (83,9%) e Alto Cotia (36,2%) também aumentaram seu volume.

“Judiação”

Falando da cidade de Vargem, que beira a represa e o rio Jaguari no interior paulista, o repórter Tiago Muniz percebeu a mudança na situação dos reservatórios. A terra no local não apresenta mais as rachaduras típicas de clima árido, e sim terra vermelha.

Mesmo assim, há ainda uma grande distância de ao menos 20 metros desde o local onde a água se encontra agora até onde ela costumava estar. Laide Cardoso, moradora da cidade vizinha de Bragança, que costuma pescar no Jaguari, conta que a pescaria já foi melhor. Se antes pegava “tilápia grande”, agora captura apenas “peixinho pequeno” e “peixe mandi”.

“Judiação a gente pisar num lugar que era pura água”, lamenta, num retrato de que a crise hídrica vem de anos e ainda não tem o fim tão próximo.

Em entrevista na quarta, especialista disse à Jovem Pan que medidas de contenção de consumo, como o racionamento, eram ainda mais necessárias após o aumento das represas, para fortalecer esse processo de recuperação do Cantareira, que abastece mais de 6 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo.

Chão cheio de conchas em área antigamente ocupada por água na represa Jaguari, parte do Sistema Cantareira (Tiago Muniz/JP)