Capital da Venezuela tem protesto contra a escassez de alimentos
Várias dezenas de pessoas que protestavam por causa da escassez de alimentos tomaram nesta quinta-feira algumas das principais vias do centro da capital. A situação fez com que dezenas de policiais e guardas nacionais interviessem, com o uso de bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.
Aos gritos de “queremos comida”, dezenas de manifestantes, em sua maioria de origem humilde, bloquearam duas das principais avenidas do centro da capital, em protesto por causa da crescente escassez de alimentos. O protesto começou perto do meio-dia, quando as autoridades levaram um carregamento de produtos que seriam vendidos em um comércio da área. A retirada dos produtos desatou a ira de dezenas de pessoas que aguardavam desde a madrugada no local para comprar alimentos e outros itens.
Os frustrados compradores de imediato fecharam a avenida Fuerzas Armadas, no centro do país, aos gritos de “Vai cair, e vai cair, este governo vai cair”. Em edifícios próximos, algumas pessoas bateram panelas, em sinal de apoio aos manifestantes. Em poucos minutos, dezenas de membros da Guarda Nacional e policiais tomaram a área para reabrir a via.
Alguns manifestantes começaram a se dirigir para a Avenida Urdaneta, também no centro de Caracas, para tentar fechá-la. As forças de segurança formaram então um grande cordão no meio da via, para evitar que avançassem os grupos de manifestantes que ameaçavam subir até o palácio do governo, que está a mais de um quilômetro da área onde ocorreu o protesto. A polícia lançou gás lacrimogêneo para dispersar os grupos.
“Queremos comida. Estão matando a gente de fome. Nossas crianças a esta hora não almoçaram”, disse Wilfredo Martínez, um doceiro de 40 anos, enquanto se manifestava. “Queremos que venha alguém do governo e nos dê explicações porque não há comida.”
Em meio aos protestos, se apresentaram algumas pessoas que se identificaram como partidárias do governo, que entre gritos e alguns golpes enfrentaram os manifestantes.
A Venezuela enfrenta uma complexa crise econômica, com uma inflação que, segundo estimativas, pode atingir 720% neste ano, severos problemas de escassez de alimentos, medicamentos e outros produtos básicos, além de uma recessão que, segundo estimativas, poderia se agravar pela piora dos preços do petróleo, que é responsável por 96% da receita recebida pelo país com suas exportações.
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