Captura de carbono será essencial para evitar que temperatura aumente 2 graus
Madri, 3 ago (EFE).- Para evitar que a temperatura do planeta aumente mais de dois graus no final do século será preciso, além de mitigação ou redução de emissões, fazer uso de tecnologias de captura e armazenamento de carbono, que necessitam de um maior financiamento para o seu desenvolvimento efetivo.
Assim demonstraram cinco cientistas climáticos -T. Gasser, C. Guivarch, K. Tachiiri, C.D. Jones e P. Ciais- em artigo publicado nesta segunda-feira pela revista “Nature Communications”.
Os cientistas apontam que para conseguir o objetivo dos dois graus traçado pelo Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC) para que as consequências da mudança climática não sejam excessivamente catastróficas, seria preciso uma combinação de redução de emissões convencional com “emissões negativas”.
As “emissões negativas” são resultantes das tecnologias de captura e armazenamento de carbono.
Os pesquisadores quantificaram quanto de cada é preciso para que a temperatura do planeta não aumente mais de dois graus.
O resultado é que no melhor cenário de mitigação, com um decréscimo das emissões mundiais de 5% anual desde 2015 com relação aos níveis de 2012, seria necessária a captura de entre 0.5 e 3 gigatoneladas de carbono por ano e uma capacidade de armazenamento de CO2 de entre 25 e 100 gigatoneladas para finais de século.
No pior dos casos considerado, se as emissões se reduzirem menos de 1% de maneira anual a partir de 2030, será preciso uma capacidade de captura de CO2 de entre 7 e 11 gigatoneladas por ano e entre mil e 1,6 mil gigatoneladas de armazenamento.
Os pesquisadores alertam que há condições que não foram levadas em conta e que poderiam agravar este cenário, como é o caso de um possível aumento de emissões geradas pela mudança do uso do solo ou por modificações nos pântanos naturais ou o permafrost, que diminua sua capacidade natural de absorção de carbono.
“Quanto maior o esforço em mitigação convencional, menor será a necessidade de captura de carbono”, ou dito de outro modo “enquanto mais tarde comecemos a diminuir, mais necessidade de captura de emissões teremos”, afirmam.
O artigo conclui que ainda no melhor cenário de mitigação será preciso captura e armazenamento de carbono para cumprir com o objetivo dos dois graus, por isso que é feita uma chamada para que sejam destinados grandes fluxos financeiros para iniciar estas tecnologias, que ainda estão “em uma fase muito cedo de desenvolvimento”.
“Essas tecnologias de captura não serão o remédio para manter as temperatura do planeta, mas a chave da luta contra o aquecimento será a mitigação convencional, ou seja, reduzir o uso de combustíveis fósseis”, indicaram.
No entanto, “embora a mitigação seja o eixo central para alcançar o objetivo dos dois graus, necessitará de apoio das tecnologias de captura, por isso que será necessária uma aceleração em seu desenvolvimento”, concluíram os cientistas. EFE
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