Caravana de venezuelanos pede aos EUA sanções contra o governo de Maduro
Elvira Palomo.
Washington, 9 mai (EFE).- Centenas de venezuelanos chegaram nesta sexta-feira a Washington saídos de diferentes pontos dos Estados Unidos em uma “caravana pela liberdade” para pedir sanções contra o governo de Nicolás Maduro, iniciativa apoiada por alguns congressistas em represália à repressão violenta dos protestos na Venezuela.
Com o lema “Trip for Freedom (Viagem pela liberdade)”, organizações civis de Miami fretaram três ônibus, com cerca de 200 pessoas, aos quais se somaram veículos particulares vindos de 19 estados e dezenas de venezuelanos residentes na capital.
O objetivo é fortalecer o pedido ao Congresso e protestar em frente à Casa Branca e à Organização dos Estados Americanos (OEA) pela “falta de atenção” diante da violenta repressão dos protestos no país que começaram há três meses e que já deixaram 42 pessoas mortas.
O Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes discutiu e aprovou hoje um projeto de lei bipartidário que prevê sanções contra alguns funcionários venezuelanos.
Este é só o primeiro passo, o projeto agora deverá que passar ao plenário do Congresso para ser submetido a votação e depois ao Senado antes de ser aprovada.
Com camisetas pedindo ajuda para a Venezuela (#SOSVenezuela) e bonés com a bandeira do país, um grupo assistiu a audiência em que se discutiu este projeto de lei de Proteção dos Direitos Humanos e Democracia Venezuelana.
A iniciativa legal, que foi apresentada há várias semanas pela deputada pela Flórida, Ileana Ros-Lehtinen, contou com o apoio de outros 14 representantes, seis deles democratas, e foi aprovado em uma votação que só teve dois votos contrários.
O projeto de lei prevê a revogação de vistos e o congelamento de ativos nos Estados Unidos de vários funcionários venezuelanos considerados responsáveis de violação de direitos humanos e aplacar aqueles que informam sobre os protestos iniciados em 12 de fevereiro.
Durante o debate no Comitê, o projeto só teve dois opositores, os democratas Gregory Meeks e Karen Bass, que argumentaram que o texto lembra ações do passado que geraram críticas de intervencionismo na América Latina e provocaram uma falta de confiança para os Estados Unidos.
Meeks também defendeu que a mediação da Unasul nas negociações entre governo e oposição merecem uma margem de manobra e são, no mínimo, uma oportunidade para o diálogo e o fim das tensões.
Ao término da sessão, Ros-Lehtinen e o congressista republicano Mario Díaz Balart se aproximaram do centro de visitantes do Congresso para comemorar com os participantes da caravana a aprovação da medida no comitê.
“Continuarei apoiando firmemente o povo venezuelano em sua luta pela liberdade, pela democracia e respeito por direitos humanos”, disse Ros-Lehtinen, entre os aplausos dos presentes.
O grupo de venezuelanos, muitos cidadãos americanos, foi para a porta de Casa Branca onde se concentraram com fotos dos estudantes que foram baleados e cartazes em que pediam “Liberdade para os presos políticos na Venezuela” e denunciavam que “a Venezuela morre e os governos estão calados”.
“Mais que uma manifestação política, estamos aqui nos manifestando pelos direitos humanos dos venezuelanos”, disse à Agência Efe Raúl Flores, que viajou de Nova York para protestar “contra um regime ditatorial que não tem medida a repressão, os abusos e a corrupção”.
Do grupo fazia parte o prefeito de Doral, que concentra grande parte da comunidade venezuelana em Miami, Luigi Boria, que orou pela liberdade, pela justiça e pela democracia em seu país natal.
Os manifestantes cantaram o hino nacional “Glória ao Povo” antes de partir rumo à OEA, onde entregaram uma carta ao secretário-geral, José Miguel Insulza, em que denunciam que o silêncio dos países do organismo “os torna cúmplices de flagrantes violações”.
Em paralelo, Rafael Pineyro, María Helena Contreras e María Brito, representantes da Sociedade Civil Venezuelano-Americana, se reuniram com o secretário de relações exteriores da OEA, Alfonso Quiñónez, para “expor e fazer entender a dor de nosso povo diante da violação dos direitos humanos”, disse Brito à Efe.
Os ativistas, que reivindicaram que a OEA vele pela proteção dos direitos humanos na região, se reuniram com o representante canadense, Allan Culham, para pedir apoio de seu governo e avaliar a possibilidade de tomar medidas como as propostas pelos congressistas americanos. EFE
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