Caribe colombiano se vê ameaçado por epidemia de chicungunha
O vírus do chicungunha, original da África e provocado pela picada de mosquitos, se estendeu pelo turístico Caribe colombiano, onde as autoridades de saúde alertam para o risco de uma epidemia de grande impacto se não forem adotadas medidas urgentes.
“O chicungunha vai contaminar milhões de colombianos se não forem tomadas ações”, alertou em entrevista à Agência Efe o epidemiologista e subdiretor científico do Hospital Infantil Napoleão Franco Pareja de Cartagena de Indias, Hernando Pinzón.
O próprio ministro da Saúde, Alejandro Gaviria, disse ano passado que mais de 700 mil colombianos podem ser infectados, número que os especialistas acreditam que poderia ser significativamente maior.
O chicungunha, que em língua tanzaniana significa “se contorcer de dor”, chegou ao Caribe em 2014. Segundo o Instituto Nacional de Saúde da Colômbia, no final de 2014 haviam sido confirmados 96.433 casos de chicungunha.
No entanto, a diretora do Departamento Administrativo de Saúde de Cartagena, Martha Rodríguez Otálora, estimou à Agência Efe que “para cada pessoa que vai a um centro de saúde há dois mais que têm a doença, mas não vão ao médico”.
Esta projeção, que para muitos é conservadora, indicaria que há 289.299 infectados na Colômbia.
“Não recorrem aos serviços de saúde porque sabem que vão receitar somente paracetamol”, acrescentou Pinzón. Precisamente tanto o paracetamol, como os repelentes de insetos, estão esgotados em lojas não só das localidades afetadas, mas também em Bogotá, a capital colombiana, onde o chicungunha não chegou por estar localizada a 2.600 metros de altura.
Em Cartagena começaram as fumigações e funcionários estão indo a bairros periféricos para informar sobre os sintomas da doença e explicar como evitar a propagação de mosquitos em água parada.
Embora não tenham sido registradas mortes pela doença na Colômbia, o especialista explicou que o quadro clínico é “severo” para os recém-nascidos porque afeta fígado, coração e sistema nervoso central, semelhante ao que se chama de sepse neonatal.
Nas crianças, adolescentes e jovens, o vírus normalmente apresenta um quadro leve, enquanto em quem tem mais de 40 anos leva à incapacitação e pode haver complicações.
A doença tem três fases: aguda, que dura entre dois e sete dias, subaguda que pode durar três meses e crônica, que se estende por até três anos. Neste último caso se manifesta com dores constantes nas articulações.
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