Caribe começa a vetar entrada de viajantes de países com surto de ebola
San Juan, 17 out (EFE).- A cada dia que passa, aumenta a lista de países caribenhos que, cientes das limitações de seus recursos de saúde, decidem fechar suas fronteiras aos viajantes procedentes das regiões da África mais afetadas pelo surto de ebola.
Até o momento, Jamaica, Guiana, Trinidad e Tobago, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, São Cristóvão e Névis e Antígua e Barbuda já estabeleceram proibições à entrada de visitantes de alguns países da África.
Além disso, muitas outras ilhas estão estudando medidas preventivas similares para evitar que o temido vírus chegue a seus territórios, ao argumentar que os hospitais e profissionais de saúde não estão preparados para tratar com sucesso pessoas infectadas.
O Ministério de Segurança Nacional da Jamaica – a única das Antilhas Maiores que tomou esta decisão – confirmou nesta sexta-feira em seu site a decisão de proibir a entrada de passageiros provenientes de Libéria, Guiné e Serra Leoa.
A restrição inclui, além disso, jamaicanos que viajaram para esses países ou que tenham feito conexão de voos em seus aeroportos nos 21 dias prévios, período de incubação da doença.
Nesta semana, a primeira-ministra da Jamaica, Portia Simpson Miller, informou em reunião de emergência com seus oficiais de governo que estes reduzirão suas viagens ao exterior e não poderão visitar países afetados pelo vírus do ebola na África Ocidental.
O ministro da Saúde da Guiana, Bheri Ramsaran, também informou sobre o veto de entrada ao país sul-americano de pessoas procedentes de Guiné, Libéria, Serra Leoa e Nigéria, e explicou que desde o começo de setembro o governo não emite vistos para cidadãos desses países.
O jornal “Trinidad Express” informou nesta sexta-feira que o ministro da Saúde de Trinidad e Tobago, Fouad Khan, também anunciou a decisão desse país de proibir imediatamente a entrada de visitantes de Serra Leoa, Guiné, República Democrática do Congo, Libéria e Nigéria.
Nessas ilhas, vizinhas da Venezuela, estará também vetada a chegada de qualquer pessoa que tenha visitado os citados países africanos nas últimas seis semanas.
Além disso, o governo cogita comprar uma unidade de biocontenção por US$ 3,2 milhões para isolar qualquer paciente que apresente sintomas.
Suas autoridades migratórias já evitaram esta semana a chegada de um navio britânico de carga ao porto de Chaguaramas porque tinha feito paradas em pelo menos dois portos na África (Congo e Gana).
Os governos de Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas e São Cristóvão e Névis também anunciaram nesta semana medidas similares, e o de Granada disse estar pensando em fazer o mesmo.
Antígua e Barbuda é o mais recente dos Estados-membros da Caricom a se unir à lista de vetos, segundo o jornal “Jamaica Observer”.
O governo de Turks e Caicos não proibiu a entrada de visitantes desses países, mas anunciou que porá em quarentena todos os procedentes de lá durante 21 dias, e fez um apelo a seus moradores para que evitem viajar aos países africanos afetados.
O primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, explicou que seu país não tem “a infraestrutura necessária para lidar com pessoas que provenham destes países da África Ocidental”.
Esse mesmo argumento é o alegado por outros países da Caricom, em sua maioria pequenos estados insulares que não têm hospitais e recursos sanitários tão sofisticados como os de EUA ou Europa e que temem não ser capazes de lidar com sucesso com a chegada do vírus através da visita de alguma pessoa infectada.
Na próxima segunda-feira, vários Estados-membros da Caricom – como Dominica, São Vicente e Granadinas, Santa Lúcia e Antígua e Barbuda – participarão da Cúpula extraordinária da Aliança Bolivariana para os Povos da América (Alba) sobre o ebola.
O vírus do ebola causou a morte de mais de 4.000 pessoas, concentradas quase todas em Libéria, Serra Leoa e Guiné, segundo números da Organização Mundial da Saúde (OMS). EFE
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