Casa Branca destaca papel de homens que conciliam profissão e vida doméstica
Lucía Leal.
Washington, 3 jun (EFE).- A Casa Branca anunciou nesta terça-feira que receberá uma cúpula sobre os homens que conciliam emprego e cuidado com a casa, situação que afeta cada vez mais pais que decidem assumir mais responsabilidade no cuidado das crianças e que é particularmente difícil entre os que têm baixa renda.
“Cada vez mais homens estão assumindo responsabilidades que tradicionalmente recaíam sobre a mulher. E queremos deixar claro que equilibrar o emprego e a família não é um problema só das mulheres”, disse uma alta funcionária americana, que pediu anonimato.
A cúpula, que acontecerá em 9 de junho, faz parte de uma série de atos preliminares à primeira Cúpula sobre Famílias Trabalhadoras programada pela Casa Branca para o dia 23 de junho com o presidente Barack Obama como anfitrião e representantes de empresas, sindicatos e acadêmicos.
“Quando pergunta aos trabalhadores se seu emprego interfere em suas obrigações familiares, há mais homens que mulheres que respondem que sim”, afirmou outra funcionária da Administração, que também pediu anonimato.
“Cada vez mais homens ficam voluntariamente em casa para cuidar dos filhos, e entre as crianças que vão à creche em todo o país, 20% têm o pai registrado como principal contato em caso de emergência”, acrescentou a funcionária.
A cúpula de 9 de junho contará com a presença do jogador do New York Mets, Daniel Murphy, que “explicará por que decidiu tirar licença paternidade exatamente quando começava a temporada deste ano para estar presente bo nascimento de seu primeiro filho, e do apoio que recebeu da Liga Nacional de Beisebol”.
“Frequentemente há empregadores que oferecem a licença paternidade, mas nenhum homem quer ser o primeiro a pedir. Queremos chamar a atenção sobre isto para que os homens se sintam mais cômodos aproveitando as oportunidades que têm”, declarou a primeira das funcionárias.
As dificuldades para conciliar emprego e vida doméstica são ainda maiores no caso das famílias que recebem salário mínimo, nas quais, em muitos casos, pelo menos um dos cônjuges “se vê obrigado a renunciar à vida profissional porque o custo de levar às crianças a uma creche é muito maior que seu salário”, explicou.
“Conseguir que o cuidado das crianças seja acessível é um grande desafio pendente. E os trabalhadores de baixa renda precisam estar disponíveis para todos os turnos possíveis oferecidos pelo empregador para poder chegar ao fim de mês, e conciliar isso com uma família é extremamente difícil”, comentou a funcionária.
A Casa Branca pretende destacar as boas práticas que algumas empresas já realizam ao oferecer licenças maternidade e paternidade remuneradas, permitir o home office em alguns dias do mês e informar aos empregados sobre seus horários com antecedência, para que sirvam de exemplo a outras companhias.
“Estamos em um ponto no qual enfrentar estes assuntos vai ser crucial para a competitividade da economia americana no século XXI”, destacou a segunda funcionária.
“Temos muitos empregos desenhados de acordo com o velho modelo em que só um cônjuge trabalha em período integral e cada vez mais americanos escolhem empregos que lhes deem flexibilidade em vez daqueles aonde o talento pode ser mais bem aproveitado”, acrescentou.
Segundo a Casa Branca, essa mudança também convém às próprias empresas, já que uma política mais flexível em relação às responsabilidades familiares de seus empregados torna mais provável que permaneçam na companhia e que aumentem a produtividade, o que pode repercutir em maiores lucros corporativos.
Uma indústria onde essa tendência é bem vista é a tecnológica, onde a maioria das mulheres deixam seus postos na metade da carreira para trabalhar em outros setores, em parte devido à pouca conciliação com a vida doméstica, indicou a segunda funcionária.
Entre os exemplos que a Casa Branca destacou há duas companhias desse setor: o Google, que “aumentou em dois meses a licença maternidade remunerada para suas funcionárias”, e a empresa de equipamentos para redes Cisco, que permite o home office alguns dias por mês. EFE
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