Caso Madeleine: dez anos de boatos, mistérios e esperança
Há exatos dez anos, a garota Madeleine McCann, de 3 anos, desaparecia no resort Ocean Club, em Praia da Luz, na região do Algarve, em Portugal. O caso Madeleine chocou o mundo inteiro e ainda intriga as autoridades de Portugal e da Inglaterra. Desde então, diversas hipóteses para o sumiço da garota, que dormia no quarto ao lado dos irmãos enquanto os pais saíram para jantar, foram levantadas. Ainda há muita controvérsia e nenhuma versão foi comprovada efetivamente.
De acordo com o correspondente Jovem Pan, no Reino Unido, Ulisses Neto, já foram gastos 10 milhões de libras, equivalente a US$ 40 milhões, nas investigações. Isso sem contar as “saias-justas” que o caso provocou entre ingleses e portugueses, principalmente porque envolve uma família abastada da região de Rothley, em Leicester.
Neste período, os pais Gerry e Kate chegaram a ser interrogados como suspeitos de um possível assassinato da própria filha, mas as autoridades portuguesas arquivaram o caso em 2008, sob a alegação de falta de provas.
Falsas teorias
Aliás, o ex-inspetor da operação, Gonçalo do Amaral foi afastado do caso e logo em seguida publicou um livro no qual dava indícios sobre a culpa do casal McCann. Na publicação, “Maddie – A verdade da mentira”, Amaral revela que a menina teria sido vítima de um acidente e que os pais congelaram e esconderam o corpo. O ex-inspetor também culpa a mãe de Madeleine e levanta a possibilidade de interferência direta da diplomacia britânica no caso, que, segundo ele, teria pressionado as testemunhas.
Amaral foi processado pelo casal e condenado a pagar 500 mil euros de indenização por ter cuasado danos emocionais e psicológicos. Mas a decisão foi revogada pela Justiça de Portugal, em janeiro deste ano. Os McCann prometem recorrer.
Os tabloides da Inglaterra (The Daily Express e The Daily Star) também foram punidos pela justiça ao acusarem a família pelo desaparecimento. Além de se retratarem publicamente, os veículos pagaram uma indenização de US$ 1 milhão por danos morais.
Já o empresário Stephen Birch chegou a declarar que a menina havia sido enterrada em um terreno ao lado do hotel Ocean Club, local do sumiço, porém a polícia não encontrou nada.
Nos anos seguintes, o retrato falado de um homem, dado como possível sequestrador internacional, chegou a ser divulgado. A justificativa era de que ele teria sido visto no dia do sumiço com uma criança nos braços. Novamente nada foi provado.
Novas suspeitas
Em 2014, uma nova polêmica foi reaberta após uma operação conjunta das polícias de Portugal e da Inglaterra. O perímetro próximo ao resort em que a família McCann passava férias foi isolado para investigações e nada foi encontrado. Já em 2016, uma garota foi vista em Roma, na Itália, e chegou a ser comparada com Madeleine. Mas a jovem já aparentava ter uns 20 anos, enquanto Maddie teria no máximo 12 anos. Além disso, na imagem era nítida a falta de uma marca de nascença no olho da britânica, o que ajudou a rechaçar ainda mais a comparação pelos pais.
Após o arquivamento do caso pela polícia portuguesa, as autoridades inglesas decidiram reabrir novamente as investigações. O que trouxe nova esperança ao casal McCaann, que mantém um perfil sobre a menina no Facebook, além do site findmadeleine.com. Em entrevista à BBC, Gerry e Kate afirmam que tentam levar uma vida normal e buscam acompanhar mais de perto o crescimento dos gêmeos Sean e Amelie, atualmente com 12 anos.
“Infelizmente, a nossa realidade é uma família de quatro pessoas. Os últimos cinco anos permitiram que dedicássemos mais tempo para cuidar dos gêmeos e de nós. Também continuamos com nossos trabalhos”, revelou Kate McCann, que atua como médica à exemplo do marido Gerry, cardiologista e professor da Universidade de Leicester, na Inglaterra.
Questionado se ainda mantém esperanças de que Madeleine esteja viva, Gerry McCann é direto: “Já se passaram 10 anos e pensamos o quanto ela pode ter mudado e onde estaria. Mas penso que devemos encontrar Madeleine, ela ainda está viva. Precisamos encontrar a pessoa ou os responsáveis por terem a sequestrado”, garante o pai de Maddie.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.