Caso Nisman pode ter consequências imprevisíveis em ano eleitoral

  • Por Agencia EFE
  • 06/03/2015 18h30
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Mar Marín.

Buenos Aires, 6 mar (EFE).- A contundência com que a família de Alberto Nisman sustenta que o promotor foi vítima de um homicídio causou uma reviravolta no caso um mês e meio depois da morte do homem que denunciou à presidente da Argentina, Cristina Kirchner, com consequências imprevisíveis em pleno ano eleitoral.

A ex-mulher de Nisman, a juíza federal Sandra Arroyo Salgado, se rodeou de uma equipe de reconhecidos especialistas, entre eles o decano dos legista argentinos, Osvaldo Raffo, para levar adiante sua própria investigação.

Suas conclusões caíram como uma bomba sobre o caso: Nisman não se suicidou, foi vítima de um homicídio, agonizou, seu corpo foi movido após receber o tiro na cabeça que acabou com sua vida e teria morrido na noite de sábado, 17 de janeiro, e não no domingo, 18, como aponta a investigação oficial.

Um balde de água fria para a promotora do caso, Viviana Fein, incapaz de encontrar provas conclusivas sobre as circunstâncias da morte de Nisman após uma investigação errática.

Nisman, que investigava o atentado de 1994 contra a associação mutual judaica Amia, foi achado morto com um tiro na cabeça em seu apartamento no dia 18 de janeiro, quatro dias após denunciar Cristina Kirchner por suposto acobertamento dos iranianos acusados desse ato terrorista.

Para Arroyo Salgado, a morte de Nisman é um “magnicídio de proporções desconhecidas” que “impactou totalmente na institucionalidade e na República”.

Essa parece ser uma mensagem direta para a presidente Cristina Kirchner, de novo no centro da polêmica porque a denúncia apresentada por Nisman passou da órbita da Câmara Federal após a apelação contra a decisão que desprezou o pedido do promotor.

O chefe de gabinete, Aníbal Fernández, se apressou hoje a lembrar que o governo “não é parte do processo”, embora a presidente e seus colaboradores já tenham expressado opiniões sobre o caso, desde apontar para a hipótese de suicídio, primeiro, e assassinato, depois, até acusar os serviços secretos, passando pelas duras críticas vertidas contra Nisman depois de morto.

A última delas, um comunicado publicado nesta semana nos jornais no qual se acusou o promotor de buscar com sua denúncia “um efeito político desestabilizador”.

A morte de Nisman agravou o enfrentamento entre o governo e o Poder Judiciário, que está marcando a agenda política na Argentina em plena corrida para as eleições presidenciais de outubro e pode afetar o futuro de Cristina Kirchner, que deixará o cargo em dezembro, após cumprir os dois mandatos consecutivos contemplados na Constituição.

Além disso, o caso pode ter consequências imprevisíveis perante uma concorrência eleitoral na qual nenhum dos três principais candidatos – o governador de Buenos Aires, Daniel Scioli (governista), o peronista dissidente Sergio Massa e o conservador prefeito da capital, Mauricio Macri – conseguiu uma vantagem considerável nas enquetes.

Se for confirmada a hipótese do homicídio, a morte de Alberto Nisman pesará como uma laje política sobre Cristina Kirchner, que dificilmente teria imaginado um escândalo destas proporções no final de seu mandato. EFE

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