Catar chama seu embaixador no Egito para consultas

  • Por Agencia EFE
  • 19/02/2015 09h11

Doha, 19 fev (EFE).- O governo catariano chamou para consultas seu embaixador no Cairo, Hamad Saif Bu Ainain, por considerar inapropriadas as críticas do delegado egípcio perante a Liga Árabe, Tareq Adel, em direção a Doha por mostrar suas reservas sobre os bombardeios egípcios na Líbia.

O Ministério catariano das Relações Exteriores informou sobre a decisão em comunicado enviado ontem à noite, no qual acrescentou que Adel criticou o Catar por ser o único país que não apoiou uma cláusula de uma nota da Liga Árabe que, após uma reunião de seus delegados permanentes ontem, mostrou seu acordo sobre os ataques realizados na segunda-feira pelo Egito na Líbia.

Estes bombardeios aéreos contra alvos da organização terrorista Estado Islâmico na Líbia ocorreram em resposta a um vídeo divulgado pelo grupo jihadista que mostra a decapitação de 21 cristãos coptas egípcios sequestrados previamente.

O diretor do departamento de Assuntos Árabes no Ministério das Relações Exteriores catariano, Saad bin Ali Al Mohanadi, confirmou a condenação do Catar rumo a esses assassinatos.

No entanto, expressou que as declarações do delegado egípcio estão contra a justiça, a sabedoria e os princípios da ação conjunta árabe, que exige que sejam consultados os países-membros da Liga Árabe antes que um dos estados decida lançar uma ação militar unilateral em outro país membro.

“O Catar denuncia uma declaração que confunde a necessidade de combater o terrorismo e o assassinato brutal e a queima de civis”, declarou Al Mohanadi.

O Catar, que é a favor do governo de Trípoli e rejeita os ataques do general rebelde Jalifa Haftar -aliado do Cairo- contra as milícias islamitas, mostrou também seu desacordo sobre o levantamento da proibição de envio de armas à Líbia, que apoiou o comunicado da Liga Árabe.

Nesse sentido, o embaixador Al Mohanadi disse que a posição do Catar já foi exposta à organização pan-árabe em sua reunião de ministros de Relações Exteriores de 15 de janeiro.

Nela foi pedido que a organização não assuma uma posição no conflito líbio antes da finalização do diálogo e da formação de um governo de união nacional que teria o direito de solicitar o levantamento da proibição em nome do povo líbio.

Nos últimos meses, a relação entre Catar e Egito estava se normalizando, após a explosão de uma crise no seio do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) em 5 de março.

Então, três membros do CCG -Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Bahrein- retiraram seus embaixadores de Doha em protesto pelo suposto descumprimento do Catar de um mecanismo de segurança e sua suposta ingerência nos assuntos internos desses Estados.

Os diplomatas voltaram a seus postos em Doha em 16 de novembro.

No fundo dessa crise, sem precedentes no seio do CCG, ainda há a diferente relação dos países com a Irmandade Muçulmana egípcia.

Enquanto Doha apoiou o deposto presidente egípcio Mohammed Mursi (da confraria), Riad e Abu Dhabi respaldam as autoridades surgidas após o golpe militar que o derrubou em 3 de julho de 2013. EFE

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