Cazaquistão diz que sanções à Rússia não danificarão relações com a Espanha

  • Por Agencia EFE
  • 24/09/2014 00h21
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Astana, 19 set (EFE).- As relações bilaterais com a Espanha têm “um caráter estratégico” para o Cazaquistão e não serão afetadas pelas sanções impostas pela União Europeia à Rússia, principal parceiro econômico do país centro-asiático, disse nesta sexta-feira à Agência Efe o presidente do Senado cazaque, Qasim Zhomart Tokaev.

“As relações com a Espanha e com a UE não sofrerão (pela crescente tensão entre Rússia e os vinte E oito, provocada pela intervenção de Moscou no conflito da Ucrânia). A Espanha é um país prioritário para nossa política externa”, assegurou.

Tokaev acrescentou que o Cazaquistão, integrado junto com a Rússia e Bielorrúsia na União Aduaneira e em outras organizações criadas sobre o espaço pós-soviético, assinará no final deste ano um novo convênio de cooperação com Bruxelas.

“A UE é um parceiro muito importante para nós. Avaliamos essa cooperação, (…) por isso que não vejo nenhum problema”, ressaltou o presidente do Senado cazaque.

Tokaev descreveu a relação de seu país com a Espanha como “estratégica, entre outras coisas porque as principais empresas espanholas trabalham no mercado cazaque. Repsol, Talgo, Indra, e muitas outras”.

Há justamente um ano, o presidente espanhol, Mariano Rajoy, foi testemunha durante sua visita a Astana da assinatura de vários acordos e contratos entre empresas de ambos países no valor de mais de 600 milhões de euros.

Talgo, que fez com que os trens entre Astana e Alma-Ata (a segunda cidade cazaque) sejam duas vezes mais rápidos do que há alguns anos, assinou então com a cazaque KTZ a construção de um trem de cercanias.

O Cazaquistão e sobretudo sua capital, que acolherá em 2017 a EXPO Future Energy, se posicionam como uma mina de oportunidades de investimento para as empresas espanhola, e demonstram, além disso, um grande interesse para atrair companhias ibéricas, como demonstrou o país centro-asiático ao organizar neste ano um fórum econômico realizado em Bilbao.

“No âmbito político, as relações bilaterais também se desenvolvem com sucesso. Agradecemos à Espanha por seu apoio para permitir que o Cazaquistão presidisse a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e acolhesse em 2010 em Astana uma cúpula desse organismo”, lembrou.

A excelente relação que mantêm os dois países e os vários projetos empresariais conquistados pela Espanha na república devem muito à conhecida amizade que une o antigo Rei da Espanha, Juan Carlos I, com o presidente cazaque, Nursultan Nazarbaev.

Tokaev acredita que a chegada ao trono de Felipe VI não mudará e “a tradição de manter uma relação cálida e humana com os monarcas da Espanha será mantida”.

“Nosso presidente foi convidado para o casamento do Rei, e não cabe dúvidas de que reuniões e eventos assim são muito importantes para a edificação das boas relações diplomáticas”, recalcou.

O Cazaquistão espera contar com o apoio da Espanha para conseguir uma de suas maiores aspirações na cena internacional: ocupar um assento rotativo como membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU.

“Fazemos campanha para alcançá-lo, sobretudo pelos canais diplomáticos. Achamos que nosso principal rival atualmente para o assento que corresponde à região asiática é a Tailândia”, disse Tokaev.

O presidente do Senado se mostrou convencido “de que o Cazaquistão, por sua notável contribuição ao fortalecimento da segurança mundial, a não-proliferação das armas nucleares e o diálogo entre religiões e civilizações, merece ser eleito membro não permanente do Conselho de Segurança”. EFE

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