Cazaquistão realiza eleições presidenciais em cenário econômico adverso

  • Por Agencia EFE
  • 23/04/2015 14h52
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Astana, 23 abr (EFE).- O Cazaquistão realiza neste domingo eleições presidenciais antecipadas no meio de um arrefecimento econômico provocado pela queda dos preços do petróleo e pela crise na vizinha Rússia, com a qual faz parte na União Econômica Eurasiática (UEE).

A difícil conjuntura econômica na qual se encontra o país centro-asiático, um terço de cujas exportações corresponde ao petróleo e seus derivados, foi de fato o argumento defendido pelo parlamento cazaque para antecipar o pleito.

A república centro-asiática convocou eleições depois que a Assembleia do Povo do Cazaquistão, um órgão consultivo do qual fazem parte vários legisladores, propuseram antecipar as presidenciais “nesta difícil etapa de desequilíbrios mundiais”.

As previsões internacionais indicam que o Cazaquistão crescerá 1,5% este ano, um dos registros mais baixos dos últimos 15 anos.

Esse recorde negativo foi superado apenas em 2009, quando a economia cazaque cresceu apenas 1,2%, afetada como agora pela grave recessão que a Rússia sofria então.

O nono maior país do mundo, governado há um quarto de século por Nursultan Nazarbayev, cresceu de forma espetacular entre 2000 e 2007, com registros sempre acima de 9%, e continuou avançando com crescimentos de entre 4,3% e 7,5% entre 2010 e 2014.

A agência de qualificação de riscos Fitch vinculou o atual arrefecimento da economia cazaque à brusca queda do preço do petróleo e à recessão da Rússia, pressionada por sua vez tanto pela redução dos hidrocarbonetos como pelas sanções econômicas do Ocidente por sua política na crise da Ucrânia.

A república centro-asiática, uma das maiores promotoras da integração transnacional no espaço pós-soviético, sofre agora as consequências da política externa de Moscou, por causa da estreita dependência de sua economia ao grande vizinho do norte.

A Rússia é o principal parceiro comercial do Cazaquistão e, junto com os países da pós-soviética Comunidade dos Estados Independentes e os três bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), monopoliza cerca de 60% do comércio exterior da república.

Apesar da conjuntura negativa do momento, o Cazaquistão conta com grandes reservas acumuladas durante os anos de bonança para superar a crise atual, como deixou claro em recente entrevista à Efe a secretária de Estado cazaque, Gulshara Abdykalikova.

Após cerca de 90 de grandes dificuldades econômicas e de obter a independência da União Soviética, o Cazaquistão criou um fundo nacional com a receita da indústria petrolífera através do qual foram injetados cerca de US$ 10 bilhões na economia entre 2007 e 2009.

A partir deste ano e até 2017, assinalou a secretária de Estado, “vamos destinar a cada ano US$ 3 bilhões” procedentes do mesmo fundo.

Com esse dinheiro se pretende dar atenção especial às estradas que saem da capital para o resto do país e beneficiar o transporte.

Além disso, as autoridades cazaques pretendem atrair uma centena de novos investidores no segundo programa de industrialização porque, como lembrou Abdykalikova, ao obter a independência, a maioria das empresas no Cazaquistão tiveram que fechar porque eram dependentes de outros países.

Também serão desenvolvidas as infraestruturas de habitação e as de energia, com a construção de duas novas centrais no lago Baljash, além de reformar e erguer escolas, sobretudo no âmbito rural.

O grande objetivo declarado do Cazaquistão para os próximos anos é se transformar em um dos 30 países mais desenvolvidos do mundo. EFE

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