CDU reelege com amplo apoio Merkel, antídoto contra crise e a esquerda

  • Por Agencia EFE
  • 09/12/2014 16h49

Gemma Casadevall

Colônia (Alemanha), 9 dez (EFE).- A União Democrata-Cristã (CDU) reelegeu nesta terça-feira em bloco como sua líder a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que convocou seus correligionários a defender a contenção orçamentária e a se unir contra uma aliança de esquerda capaz de retirá-la do poder.

Após 14 anos liderando o partido e nove à frente do governo, Merkel obteve um enorme apoio (96,7%), um pouco abaixo de seu recorde de 2012 (97,9%). No passado, porém, antigos líderes do CDU chegaram a obter 100% de aprovação, como foi o caso de Konrad Adenauer.

Esta eleição ocorreu em um congresso federal do partido em Colônia, cidade natal de Adenauer, chanceler de fundação da República Federal da Alemanha e presidente do CDU de 1950 a 1966.

Merkel dedicou seu discurso ao “grande patriarca” e ao mentor da chanceler, Helmut Kohl, líder do partido durante 25 anos e “chanceler da reunificação”.

Além disso, Merkel mencionou o ex-líder da CDU e seu atual ministro de Finanças, Wolfgang Schäuble, elogiado por manter a solidez econômica da Alemanha em meio à crise da zona do euro.

Segundo Merkel, o ministro defensor da austeridade cumprirá o desafio do “orçamento com déficit zero” para o próximo ano na Alemanha, “país que demonstrou que a austeridade não é incompatível com o crescimento e o investimento”.

O lema do congresso em Colônia era “Trabalhamos para o Futuro da Alemanha” e, para a chanceler, o sucesso dos próximos anos depende da austeridade defendida por Schauble, ausente no discurso por estar “cumprindo com seu dever em Bruxelas”.

Merkel argumentou que é preciso seguir trabalhando pelo futuro da Alemanha, um país respeitado no contexto internacional e que soube superar melhor que outros a crise, graças ao esforço de contenção defendido por seu ministro das Finanças.

“Temos menos de três milhões de desempregados, temos o desemprego juvenil mais baixo da zona do euro”, enfatizou a chanceler, para quem a contenção foi a receita do sucesso na pior fase da crise e deve ser também a chave da prosperidade futura.

Merkel evocou algumas conquistas alcançadas na presente legislatura em uma grande coalizão com os sociais-democratas, entre elas a melhoria das aposentadorias para as mães.

A chanceler também aproveitou a ocasião para fazer afagos no Partido Liberal (FDP), parceiro natural da CDU nos tempos de Adenauer, de Kohl e também em sua segunda legislatura, mas agora fora do parlamento e que Merkel deseja recuperar como força parlamentar.

A defesa do parceiro de longa data esconde um propósito: a mobilização contra um bloco opositor que hoje teria a maioria no parlamento.

A chanceler se viu levada a formar uma grande coalizão com os sociais-democratas há um ano, pois apesar de ter alcançado por pouco a maioria absoluta, perdeu o apoio dos liberais para governar e não alcançou uma aliança com os Verdes, algo que lamentou hoje publicamente.

A formação, na semana passada, do primeiro governo em um estado alemão liderado pela Esquerda com o apoio de sociais-democratas e Verdes, na Turíngia, abre um horizonte perigoso para a chanceler, já que a soma destes três partidos teoricamente poderia derrubá-la.

A questão, no entanto, não é uma ameaça para a atual legislatura, entre outras coisas devido à superioridade das fileiras de Merkel frente aos sociais-democratas.

Mas o fato da social-democracia ter dado a chave do poder aos herdeiros do regime comunista, como alguns seguem vendo a Esquerda, abre a possiblidade de um governo tripartido com liderança dos sociais-democratas no futuro.

Para a chanceler, este seria o pior cenário para solidez econômica da Alemanha, sobretudo levando em conta que os aliados liberais parecem que não vão se recuperar e, por outro lado, os eurocéticos, que Merkel não vê como parceiros, crescem cada vez mais. EFE

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