Cédula gigante, famosos e espiões compõem repertório de primária na Argentina
Nerea González.
Buenos Aires, 7 ago (EFE).- Cédulas de mais de um metro, listas intermináveis de pré-candidatos e com personagens variados, incluindo espiões, são algumas das curiosidades das eleições primárias na Argentina, que serão realizadas neste domingo.
Cerca de 32 milhões de argentinos estão habilitados a votar nestas eleições, que definirão os candidatos à Casa Rosada e milhares de cargos menores, e que na prática são um ensaio para as eleições gerais de outubro.
Alguns terão problemas para pôr a cédula nas urnas, especialmente na província de Catamarca, no noroeste do país, onde elas medem 1,2 metro por causa da quantidade de candidatos.
Na província de Buenos Aires, principal distrito eleitoral do país, com um terço de todos os eleitores argentinos, amanhã também serão escolhidos nas primárias os candidatos ao governo local, e as cédulas chegam a ter 80 centímetros, tamanho médio de uma criança de um ano e meio.
Os bonaerenses terão que escolher entre um número recorde de 29.658 pré-candidatos inscritos para disputar cargos municipais, provinciais e nacionais. Nas listas eleitorais há de políticos, atletas, jornalistas a ex-vedetes e espiões.
Dois dos grandes protagonistas são ligados ao esporte e candidatos à presidência com maiores chances de vitória, segundo as pesquisas: Daniel Scioli, de situação, e Mauricio Macri, de oposição ao atual governo.
Atual governador de Buenos Aires, Scioli foi um famoso piloto de piloto de powerboat, tendo ganhado vários campeonatos internacionais. Mas um acidente com um barco em 1989 custou a ele o braço direito.
Macri, por sua vez, ficou popular por ser o presidente do Boca Juniors antes de entrar abertamente na política e conquistar a prefeitura de Buenos Aires à frente do partido conservador Proposta Republicana (Pro).
Dos candidatos, o mais conhecido por sua carreira esportiva é o ex-piloto Carlos Reutemann, aliado de Macri, que trocou o cockpit da Fórmula 1 pela política há duas décadas e pretende renovar seu assento no Senado.
A febre política alcançou também a ex-boxeadora Marcela “La Tigresa” Acuña, o ex-tenista Agustín Calleri e os ex-jogadores Carlos Mac Allister, Sebastián Neuspiller, e Carlos “Chino”, entre outros.
O ex-boxeador Martín Coggi, filho do campeão mundial Juan Martín Coggi, e o ex-jogador dos Leones e atual técnico da seleção masculina de hóquei sobre grama, Carlos Retegui, buscam vagas nos conselhos dos departamentos.
Do espetáculo e dos meios de comunicação surgiram nomes como os da ex-vedete Zulma Faiad, do empresário Sergio Szpolski e dos jornalistas Fernando Niembro e Hernán Brienza.
Por um motivo muito diferente ocuparam as manchetes Luis Rodolfo Tailhade e Marcelo Kaspar, apontados pela imprensa como membros dos serviços de inteligência, e que buscam cargos legislativos nas listas kirchneristas.
Os extravagantes anúncios de campanha dos partidos são dignos também de entrar na lista de curiosidades da eleição primária.
Macri, que evitou os grandes eventos de campanha e focou sua estratégia em encontros com simpatizantes e suas famílias, recebeu mais de uma crítica do governo pelo refrão de seu tema de campanha: “Tenho duas mãos para te abraçar”, lido como uma referência direta a Scioli.
O partido Nova Esquerda lançou uma propaganda encenada em uma sala de partos, em que um falso Carlos Menem – presidente argentino entre 1989 e 1999 – dá a luz a seus “filhos” Scioli e Macri.
Curiosa também é a promoção no site de Mauricio Yattah, pré-candidato à presidência pelo Partido Popular, que optou por um perfil “didático”, com vídeos feitos com uma webcam em que explica suas propostas em “power point”. EFE
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