Celso Amorim defende “vocação atlântica” do Brasil em fórum do Pacífico

  • Por Agencia EFE
  • 08/03/2015 16h49
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Cartagena (Colômbia), 8 mar (EFE).- O ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu neste domingo a “vocação atlântica” do Brasil ao afirmar que essa região é prioritária para o país, mas sem deixar de olhar para Ásia.

“O Brasil é um país atlântico, e como estamos mais ao sul, somos um país sul-atlântico”, disse Amorim, que também foi ministro da Defesa, em um painel sobre a cooperação transpacífica no Diálogo de Cartagena, organizado pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês) e pelo Ministério de Defesa da Colômbia.

Neste fórum que terminou hoje, os países da Aliança do Pacífico (Colômbia, Chile, México e Peru) examinaram com os da região Ásia-Pacífico as perspectivas de cooperação e integração entre as duas margens desse oceano.

Segundo Amorim, o Atlântico sul é uma área de paz e de cooperação, sem conflitos armados, e esse é um exemplo que pode ser seguido por outras partes do planeta.

“Para ter uma aliança do Pacífico que seja pacífica, talvez possamos aprender muito com Atlântico”, declarou o ex-ministro no painel no qual também participaram o ministro da Fazenda da Colômbia, Mauricio Cárdenas; o ex-ministro das Relações Exteriores da Indonésia, Marty Natalegawa, e o vice-secretário de Comércio de Cingapura, Lee Ark Boon.

Amorim defendeu ainda o processo de integração do Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela, e assegurou que tem resultados para mostrar, embora a atenção internacional esteja voltada atualmente para a Aliança do Pacífico.

“Ponhamos as coisas em perspectiva”, disse Amorim, ao ressaltar que o comércio entre os quatro países fundadores do Mercosul é 2,5 vezes maior que o dos quatro sócios da Aliança do Pacífico, apesar de reconhecer que este último é uma iniciativa muito mais jovem.

Da mesma forma argumentou que o Brasil foi no ano passado o quinto receptor de investimento estrangeiro no mundo e rejeitou a ideia de que o país, por ter um grande mercado interno de quase 200 milhões de pessoas, “não se interessa pela integração”.

Segundo disse, para o Brasil, o livre-comércio “não é uma coisa mágica que gera prosperidade imediata”, mas deve ser um instrumento para melhorar as condições de vida da população.

Após ressaltar que o Brasil está no Atlântico e por sua posição geográfica está mais tombado ao resto da América do Sul e à África, o ex-ministro destacou que “também nos interessa muito a Ásia, não é que não estejamos olhando para ela, mas talvez pensemos de uma forma ligeiramente diferente”.

“A imagem do sol que nasce no leste, cruza sobre o Pacífico e se põe sobre o Atlântico, isso não corresponde à realidade”, concluiu Amorim. EFE

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