Celulares do futuro “vão trabalhar” para seus usuários
Teresa Bouza.
San Francisco, 28 set (EFE).- Baris Gultekin, o engenheiro que desenvolveu o Google Now, uma espécie de “assistente pessoal” do usuário, imagina um futuro no qual os celulares “vão trabalhar” para nós e nos darão informações úteis sem a necessidade de as solicitarmos.
“Chamamos os celulares da atualidade de smartphones (telefones inteligentes), mas na realidade eles não são tanto assim. É preciso dizer a eles em todos os momentos o que têm que fazer”, disse Gultekin em entrevista para a Agência Efe na sede do Google, em Mountain View, na Califórnia.
Para Gultekin, o Google Now “pode mudar o futuro. Estamos no início de algo que pode ser fenomenal”, garantiu o engenheiro.
Considerado o concorrente do Siri, o aplicativo da Apple para o sistema operacional iOS que responde a perguntas do usuário e faz recomendações, o Google Now se concentra em ajudar nas tarefas diárias e também oferece informações sobre viagens e outras atividades de lazer, como esporte e cinema.
O serviço nasceu durante os 20% de tempo que o Google oferece a seus empregados para trabalharem no que quiserem.
“Começamos este projeto de forma paralela com outro engenheiro”, explicou Gultekin, que acrescentou que o Google Now se alimenta de outros serviços do Google, como o Gmail e o Google Maps, e oferece informações com base no perfil do usuário, para o que são essenciais os dados sobre a localização física do mesmo.
“Podemos dizer ao usuário como está o trânsito durante sua viagem diária para o trabalho e as condições meteorológicas quando ele acorda”, afirmou o engenheiro, que acredita que a tecnologia deve ajudar a facilitar a vida das pessoas e não interferir quando não for necessário.
“Ou seja, se o usuário está planejando uma viagem e quer se lembrar do horário de seu voo, a resposta deveria estar pronta sem que fosse necessário solicitá-la. Além disso, quando ele aterrissar e partir rumo ao hotel, o mesmo deverá ocorrer. Não deveria ser necessário buscar no Gmail o número da reserva”, acrescentou.
Gultekin considera que a evolução do buscador do Google tornou possível o surgimento do Google Now.
O buscador começou oferecendo links para sites em função de uma série de palavras e deu um passo à frente ao acrescentar imagens e vídeos.
O terceiro grande passo chegou com o que o Google batizou de Knowledge Graph (Mapa do Conhecimento), que oferece informação estruturada e detalhada sobre um tema, além de links para outros sites.
O objetivo é que o usuário utilize essa informação para solucionar suas dúvidas sem ter que acessar outros sites para buscar a informação que precisa.
“O Mapa do Conhecimento entende distintas coisas e a relação entre elas”, e permite encontrar respostas muito rápido, afirmou Gultekin.
Para o engenheiro, o Google Now é o próximo passo nessa evolução, ao oferecer respostas antes mesmo de o usuário buscá-las.
Com isso, o serviço sabe que faltam poucas horas para um voo e compartilha com o usuário a informação sobre a viagem sem que este tenha que pedi-la. Além disso, se sabe que o dono do telefone tem uma reunião em determinada hora e há um problema com o transporte público, o avisa e lhe recomenda um novo caminho.
Os programadores do Google esperam equipar o serviço com novas funções, como recomendações baseadas em experiências similares de outros usuários.
Mas para se transformar em um “assistente pessoal” realmente eficaz, o Google Now necessita saber tudo, o que poderia se transformar em um problema no meio de uma preocupação crescente com a privacidade.
“O nosso serviço é opcional e somos muito claros com as coisas que podemos ajudar”, comentou Gultekin.
O serviço está disponível em mais de 40 países e funciona em cerca de 80% dos telefones que utilizam o sistema operacional Android. EFE
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