Centenas de refugiados protestam em Budapeste
Budapeste, 2 set (EFE).- Centenas de refugiados voltaram a protestar nesta quarta-feira aos gritos de “Alemanha, Alemanha” perante a estação Keleti de Budapeste, onde a polícia húngara os impede de tomar um trem em direção à Europa Ocidental.
A polícia húngara impediu ontem que centenas de refugiados chegados de zonas de conflito do Oriente Médio embarcassem em um trem rumo à Áustria e Alemanha, algo que foi permitido na segunda-feira.
Cerca de cem policiais antidistúrbios bloqueiam a entrada da estação.
Os arredores do terminal se transformaram em um improvisado campo de refugiados, sem quase apoio das autoridades, e onde famílias inteiras dormem sobre o solo, com meros papelões e cobertores, enquanto os mais sortudos contam com tendas.
Majda Nowss, uma professora de inglês de Aleppo (Síria) que viaja com seu marido e três crianças de entre dez e quatro anos, assegura que o formigamento contínuo de gente não permite descansar e lamenta que não deixem continuar com sua rota rumo à Dinamarca, onde afirma que tem um irmão advogado.
“Quase não podemos descansar, sempre há gente por todas partes, e também não podemos tomar banho. Por que não nos deixam seguir?”, se lamentava em declarações à Agência Efe.
Seus filhos Esam e Nadra acompanhavam as explicações de sua mãe com um cartaz escrito em inglês que dizia: “Por favor, nos entendam, deixam que continuemos”.
Ontem à noite um grupo de cerca de dez neonazistas húngaros tratava de provocar os imigrantes amontoados lançando palavras de ordem fascistas e pedindo que fossem embora do país, mas os voluntários húngaros que ajudam os refugiados intermediaram a situação.
A ira de muitos refugiados é visível depois que compraram bilhetes, alguns no valor de mais de cem euros, para poder viajar à Alemanha e foram impedidos de embarcar.
Até agora não foi dada nenhuma explicação clara sobre porque as autoridades húngaras permitiram o embarque de mais de 3,6 mil pessoas na segunda-feira com destino à Alemanha, uma medida que despertou as críticas do governo austríaco.
O Executivo húngaro sustenta que com a restrição só cumpre com seus compromissos com o espaço Schengen, como não permitir que pessoas de terceiros países sem o correspondente visto possam ter acesso a meios de transporte internacionais.
A Hungria é o primeiro membro do espaço Schengen na rota dos Bálcãs, que começa na Grécia e pela qual mais de 150 mil pessoas chegaram ao país centro-europeu neste ano. EFE
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