Chávez é lembrado em vários países das Américas um ano após sua morte

  • Por Agencia EFE
  • 05/03/2014 17h03

Bogotá, 5 mar (EFE).- Hugo Chávez foi recordado nesta quarta-feira, dia em que se completa um ano de sua morte, com atos de homenagem, cerimônias religiosas, comentários e manifestações em vários países das Américas, incluindo os Estados Unidos.

Presidentes como o uruguaio José Mujica, ex-governantes como o colombiano Ernesto Samper e ministros como o argentino Héctor Timerman fizeram referência ao “vazio” que a morte de Chávez deixou e também ao papel que desempenhou no fortalecimento da integração latino-americana.

Aos primeiros dos vários atos comemorativos que se realizam hoje em Caracas foram apenas dois chefes de Estado da região, o boliviano Evo Morales e o cubano Raúl Castro, mas outros países enviaram representantes de alto escalão.

Está previsto que ao longo do dia chegue ainda o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, que antes de viajar para Caracas fez um tributo a Chávez com membros da Juventude Sandinista e funcionários públicos na capital nicaraguense.

“Hoje estamos prestando homenagem ao comandante dos povos, porque Chávez lutou pelos povos, por América, pela humanidade, pela paz, pela justiça”, disse Ortega.

Em Caracas já estão o vice-presidente argentino, Amado Boudou, e o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, entre outros.

As cerimônias comemorativas na Venezuela acontecem em meio a protestos antigoverno que desde 12 de fevereiro acontecem diariamente na Venezuela, com barricadas e manifestações nas ruas, que também não faltaram nesse dia dedicado pelo governo a homenagear Chávez.

Em Cuba, país que Chávez privilegiou em seus programas de ajuda ao exterior e com cujo governo manteve laços estreitos, o programa de atividades por causa do primeiro aniversário de sua morte incluiu uma manifestação pelo centro de Havana.

Cerca de 300 pessoas, entre cubanos e moradores venezuelanos de Havana, marcharam por uma avenida central da cidade até o monumento de Simón Bolívar, onde participaram de um ato organizado pelo Instituto Cubano de Amizade com os Povos (Icap).

“Chávez não morreu, se multiplicou” e “Chávez vive, a luta continua” foram algumas das palavras de ordem que os participantes da marcha entoaram, que levavam fotos do que foi presidente da Venezuela e bandeiras desse país.

Os principais veículos de imprensa cubanos (todos oficiais) publicaram hoje em suas capas fotos e artigos dedicados a Chávez, que lembraram como “comandante e amigo”.

Mujica lembrou do bolivariano como “um grande amigo” seu e do Uruguai, e disse que, como “todo homem grande e muito grande” deixou “um vazio muito difícil de preencher”.

“Além de ser presidente, considero que no (âmbito) particular me foi um amigo que mais de uma vez consultei ou para dar um conselho com suas características, com sua fervorosa personalidade e sua alegria de viver. Acho que na América sentimos muito”, opinou.

O ex-presidente colombiano Ernesto Samper (1994-1998) falou em termos parecidos de Montevidéu.

“Chávez deixou um vazio” e será preciso “alguns anos” até “que esse vazio se possa suprir com uma liderança como o que está assumindo o presidente (Nicolás) Maduro”.

Esse vazio também é sentido na integração regional que o falecido ex-governante venezuelano “conseguiu fazer muito à latino-americana e de forma muito generosa”, acrescentou Samper.

O chanceler argentino destacou também o trabalho de Chávez na “unidade de todo o continente” e lembrou seu “esforço” para a criação da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac).

“A morte de Chávez significou um fato muito lamentável por tudo que representa na política latino-americana e pela posição de colocar a Venezuela no centro da América Latina e da América do Sul”, afirmou Timerman em declaração a veículos de imprensa argentinos de Caracas.

A homenagem das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) a Chávez em Havana esteve amenizado por canções a ritmo de “molho” e “baile popular” escritas por dois dos chefes guerrilheiros.

“Não pararemos de agradecer por sua enorme contribuição, a da República Bolivariana da Venezuela e seu povo em busca de uma solução política ao conflito interno colombiano”, disse o número dois das Farc e chefe de sua delegação de paz, Ivan Márquez, conhecido como de Luciano Marín Arango.

Márquez lembrou que Chávez “facilitou os primeiros contatos exploratórios” entre o governo colombiano e as Farc para possibilitar o atual processo negociador que se iniciou no final de 2012 com sede permanente em Cuba e com o qual se tenta pôr fim ao conflito armado mais antigo da América Latina.

“Chávez deu confiança aos porta-vozes guerrilheiros em seus deslocamentos e graças à confiança que nos infundiu estamos aqui em Cuba, terra de Martí, de Fidel e de Raúl, farol de dignidade da nossa América, construindo com o governo da Colômbia um acordo de paz”, disse o segundo chefe das Farc.

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, também muito amiga de Chávez, deve assistir hoje em Buenos Aires a uma missa em sua memória.

Em Nova York, o Círculo Bolivariano Alberto Lovera convocou para hoje uma manifestação em homenagem a Chávez e em apoio ao governo de Maduro, que irá da Times Square até a frente da ONU. EFE

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