Checheno acusado de matar Nemtsov nega que tenha sido torturado

  • Por Agencia EFE
  • 12/03/2015 12h35
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Moscou, 12 mar (EFE).- O advogado do checheno Zaur Dadaev, principal acusado do assassinato do opositor russo Boris Nemtsov, negou nesta quinta-feira que seu cliente tenha sofrido torturas na prisão, como denunciaram um ativista e a imprensa local.

“Meu cliente não se queixou e me comunicou que durante as diligências não sofreu nenhum tipo de pressão física ou psicológica”, disse o advogado Ivan Guerasimov à agência “Interfax”.

Guerasimov ressaltou que “durante as diligências com participação do meu cliente os membros do Comitê de Instrução não cometeram nenhuma infração”.

Segundo ele Dadaev “colaborou ativamente com os investigadores”.

O advogado também desmentiu que Dadaev tenha voltado atrás em seu depoimento à polícia, como havia publicado um jornal russo.

Em todo caso, o advogado pediu a revogação da prisão preventiva, determinada até 28 de abril.

Dadaev, ex-membro das forças especiais da Chechênia, e o também checheno Anzor Gubashev são acusados de assassinar o político liberal russo, baleado em 27 de fevereiro em frente ao Kremlin, e também de posse ilegal de armas.

o jornal “Moskovski Komsomolets” denunciou ontem que Dadaev e Gubashev foram torturados para confessarem o envolvimento no assassinato.

“Fiquei doias com algemas nas mãos, algemas nos pés e um saco plástico na cabeça. Gritavam o tempo todo: você matou Nemtsov? Eu respondia que não”, teria dito Dadaev.

Andrei Babushkin, membro do Conselho de Direitos Humanos (CDH) adjunto à presidência russa, constatou sinais de tortura no corpo de três dos cinco detidos após visitá-los na prisão de Lefortovo.

“Existem suficientes indícios para pensar que Dadaev e os irmãos (Anzor e Shaguit) Gubashev foram torturados”, assinalou em seu relatório.

Caso sejam confirmadas, as denúncias de torturas jogariam por terra a versão de que Dadaev cometeu o assassinato motivado pelas críticas de Nemtsov ao islã e pela defesa das caricaturas de Maomé publicadas pela revista francesa “Charlie Hebdo”.

Tanto a filha de Nemtsov como o advogado da família e seus correligionários tinham posto em dúvida o rastro islamita e insistiram que o opositor foi vítima de “um assassinato político”.

A imprensa local publicou a denúncia apresentada por Nemtsov ao Comitê de Instrução por causa das ameaças de morte que havia recebido, motivadas por sua posição contra a ingerência militar russa na Ucrânia.EFE

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