Chefe da CIA defende trabalho da agência e legalidade de interrogatórios

  • Por Agencia EFE
  • 11/12/2014 18h30

Washington, 11 dez (EFE).- O diretor da CIA, John Brennan, defendeu nesta quinta-feira o trabalho da agência de inteligência americana após os atentados de 11 de setembro de 2011 e disse que as técnicas de interrogatório aplicadas aos suspeitos de terrorismo eram “legais” naquele momento, mas admitiu que houve práticas “não autorizadas” e “abomináveis”.

Brennan falou na sede da CIA em Langley (Virgínia) para responder a um relatório do Comissão de Inteligência do Senado divulgado ontem.

Esse relatório, fruto de uma investigação de mais de cinco anos, assegura que a CIA realizou práticas de interrogatório “mais brutais” e menos efetivas do que tinha admitido nos anos posteriores aos atentados terroristas de 11 de setembro.

“Não havia respostas fáceis” perante esses atentados, afirmou hoje Brennan ao ressaltar, além disso, que a CIA “não estava preparada” para iniciar um programa de detenções e interrogatórios como os que foram requisitados.

Houve casos nos quais agentes da CIA usaram práticas “que não tinham sido autorizadas” e que foram “abomináveis”, mas a “imensa maioria” dos funcionários da agência “fez o que lhes foi pedido fazer em serviço de nossa nação”, ressaltou Brennan em um incomum discurso transmitido pelas principais televisões.

Segundo o relatório do Senado, os métodos de interrogatório em suspeitos de terrorismo nos oito anos posteriores ao 11 de setembro incluíram asfixias simuladas, banhos em água congelada, privação de sono durante mais de uma semana, alimentação e hidratação retal, assim como ameaças de abusos e morte.

Muitos desses detidos facilitaram informação de inteligência “útil e valiosa”, afirmou Brennan, especificando que é impossível saber se foi pelo fato de terem sido submetidos a esses métodos de interrogatório.

Por outro lado, Brennan sustentou que informação dada por esses detidos “foi usada” na operação que permitiu localizar e matar o então líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, no Paquistão em 2011, algo que o relatório do Senado põe em dúvida.

Além disso, o chefe da CIA salientou que apoia “totalmente” a decisão do presidente Barack Obama de proibir essas técnicas de interrogatório logo após chegar à Casa Branca em 2009, mas recusou dizer se ele as classificaria como “tortura”.

Obama reconheceu nesta terça-feira que essas práticas “causaram um dano significativo à imagem dos Estados Unidos no mundo”.

“Nenhum país é perfeito. Mas uma das fortalezas que tornam esta nação excepcional é nossa vontade de confrontar nosso passado abertamente, enfrentar nossas imperfeições, corrigi-las e fazer melhor no futuro”, refletiu o presidente. EFE

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