Chega a um milhão número de refugiados sírios no Líbano

  • Por Agencia EFE
  • 03/04/2014 12h05

Beirute, 3 abr (EFE).- O número de sírios que fugiu para o Líbano superou um milhão de pessoas, transformando o país no de maior concentração per capita de refugiados no mundo, anunciou nesta quinta-feira o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur).

Este número representa “um impacto enorme” para o Líbano, país com pouco mais de quatro milhões de habitantes. Segundo os dados divulgados hoje, para cada mil libaneses residentes há 220 refugiados sírios, quase um quarto da população do país. Diariamente é registrado a entrada de mais de um sírio por minuto no país.

A agência da ONU lembrou que os recursos libaneses estão se esgotando e que “a comunidade que os hospeda está a ponto da ruptura”, em alusão as divisões sectárias e entre partidários e críticos do regime sírio dentro do Líbano.

O apelo é para que “o país não seja deixado sozinho a suportar o fardo”, disse o alto comissário do Acnur, António Guterres, que lembrou que “a afluência de um milhão de refugiados em massa é impactante para qualquer país” e mais ainda no caso do Líbano pelos “graves problemas internos”.

“A ajuda internacional aumenta de modo lento e não corresponde às necessidades. Apoiar o Líbano não é só um imperativo moral, mas também preciso para manter a paz e a segurança nesta sociedade frágil”, ressaltou Guterres.

E ressaltou que a ajuda recebida até agora representa 13% da necessária e foi destinada às pessoas mais vulneráveis.

A nota do Acnur aponta que o Líbano atravessa graves problemas econômicos desde o início do conflito sírio em março de 2011, por causa da diminuição do comércio, do turismo, do investimento, além do aumento do gasto público.

O Banco Mundial estima que a crise síria já tenha custado ao Líbano US$ 2,5 bilhões em perdas econômicas em 2013 e ameaça deixar 170 mil libaneses na pobreza até o fim do ano.

Quase metade dos refugiados sírios são crianças, e seu número nas escolas públicas, cem mil, já supera o dos libaneses. Além dos colégios, também os hospitais estão saturados com o aumento da população.

O ministro de Assuntos Sociais do Líbano, Rachid Derbas, pediu à comunidade árabe e a internacional que compartilhem “esse fardo sem precedentes, pois a situação é explosiva e tem ganhado proporções mundiais”.

Nas duas últimas semanas cerca de 1.200 famílias sírias chegaram ao Líbano, depois de o exército sírio recuperar o controle de várias localidades na estratégica região síria de Al Qalamoun, na fronteira.

As autoridades libanesas, que optaram por não instalar campos de refugiados, têm pedido frequentemente ajuda à comunidade internacional para poder acolher os deslocados.

Os sírio se refugiaram em grande número também em outros países da região como Jordânia, Turquia, Iraque e Egito, fugindo de um conflito que em três anos deixou mais de 150 mil mortos.EFE

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