Chegou o momento de negociar com Bashar Al-Assad, diz chanceler espanhol

  • Por Agencia EFE
  • 07/09/2015 17h18
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Teerã, 7 set (EFE).- O ministro de Relações Exteriores da Espanha, José Manuel García-Margallo, afirmou nesta segunda-feira que chegou o momento de “entabular negociações” com o regime sírio de Bashar al Assad para evitar que a guerra “continue criando um vazio que será aproveitado pelo Estado Islâmico para avançar em suas posições”.

Essa negociação também evitará que o conflito na Síria – que já dura mais de quatro anos e que deixou mais de 250 mil mortos e 11 milhões de deslocados – continue a provocar tragédias como as ondas de refugiados, afirmou o ministro em entrevista coletiva em Teerã, onde está em viagem oficial junto com as titulares de Fomento, Ana Pastor, e de Indústria, José Manuel Soria.

“Bashar al Assad, gostemos ou não, é o governo que senta na Assembleia Geral da ONU. É o governo que tem a legitimidade internacional do ponto de vista da interlocução”, ressaltou o chefe da diplomacia espanhola.

E disse: “Se queremos que a tragédia acabe e que o terrorismo jihadista não continue a avançar é preciso chegar a um entendimento que propicie a reconciliação nacional, a mudança constitucional e eleições democráticas”.

Ele lembrou que em uma reunião em Munique em fevereiro de 2012 alguém disse que Bashar al Assad tinha “os dias contados”.

“Já se passaram quatro anos. Os dias não estavam contados. O conflito provocou um vazio aproveitado pelo EI e em uma tragédia humana sem precedentes”, acrescentou.

Por isso, o chefe da diplomacia espanhola disse que “a paz sempre se faz negociando com o inimigo”.

“Uma coisa é não estarmos de acordo com o que fazem e outra coisa é reconhecer a realidade dos fatos”, apontou.

“Se queremos que não se perpetue, é preciso sentar e negociar e fixar um marco que permita uma reforma da Constituição e eleições limpas e justas, que deem passagem para o regime democrático”, ressaltou José Manuel García-Margallo.

E acrescentou: “A democracia e o respeito à legalidade internacional são as condições para a estabilidade internacional”.

Perguntado se a Espanha estaria disposta a apoiar uma missão militar na Síria, como já afirmaram Reino Unido e França, com o objetivo de conter os jihadistas, García-Margallo explicou que a Estratégia de Ação Exterior determina que, para apoiar uma intervenção militar fora das fronteiras nacionais, devem haver três condições: guarda-chuva internacional, a autorização do governo e a aprovação do parlamento.

No entanto, afirmou que é “absolutamente desejável que a comunidade internacional decida intervir contra o EI”.

“Com o terrorismo islâmico, um movimento que pretende destruir fronteiras, não cabe negociação nem diálogo. É necessária uma intervenção militar, mas essa intervenção militar deve reunir os requisitos necessários”, acrescentou.EFE

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