Cheia do Rio Paraguai provoca o deslocamento de 25 mil em Assunção

  • Por Agencia EFE
  • 11/06/2015 16h44

Assunção, 11 jun (EFE).- A cheia do Rio Paraguai, que nesta quinta-feira alcançou a altura crítica de 5,5 metros ao passar por Assunção, provocou o deslocamento de 25 mil pessoas, que agora se instalam em refúgios militares, praças e avenidas com medo de reviver a catástrofe que deixou 200 mil paraguaios fora de casa no ano passado.

Ao todo, 5.345 famílias já saíram de seus imóveis nas últimas duas semanas, segundo números da Prefeitura de Assunção, que tenta conter a emergência distribuindo placas de madeira e zinco, cobertores e alimentos não perecíveis.

Quem não está instalado nos abrigos do governo, se abriga em lugares públicos e longe do rio, que vive seu terceiro ano consecutivo de cheia. As ocupações acontecem mesmo depois de o prefeito Arnaldo Samaniego ter anunciado uma resolução há cinco dias proibindo a permanência em “praças, parques, avenidas e calçadas” e outros espaços públicos da cidade, uma medida criticada por alguns grupos políticos opositores, como a Frente Guasú, do ex-presidente Fernando Lugo.

A maioria dos moradores veio dos bairros mais pobres de Assunção, conhecidos como “banhados” por sua proximidade com o rio e à baía da cidade.

Os moradores de Chacarita, um dos bairros mais antigos da capital, também se viram obrigados a ficar nas praças do centro histórico, em frente ao Congresso Nacional, o Palácio de governo e outros edifícios públicos.

“Nessa região a situação é crítica e não há onde albergá-los. Tomara que o rio não continue enchendo”, disse à Agência Efe Andrés Granje, porta-voz da prefeitura.

De acordo com Dayan Martínez, um dos desabrigado do bairro de Chacarita, a Intendência proibiu que as pessoas acampassem em lugares visíveis de Assunção por conta da chegada do papa Francisco, que estará no Paraguai entre 10 e 12 de julho.

“Dizem que não podemos ficar porque o papa vai vir e isso causa má impressão aos visitantes e aos jornalistas que estarão aqui. O que eles querem é nos esconder, mas onde vão esconder 5 mil famílias? Estão querendo tapar o sol com a peneira. Não sei como vão resolver isso”, disse o jovem à Efe.

Entre os deslocados começam a aparecer membros de comunidades indígenas que chegam de Chaco. Por lá, as chuvas bloquearam os acessos e agora os nativos afirmam não terem condição de buscar seus meios de subsistência.

Segundo a Direção de Meteorologia e Hidrologia (Dinac), de 11 de abril até hoje, o Rio Paraguai subiu de 2,71 metros aos atuais 5,50. Além disso, começaram a ser registradas novas chuvas e foi anunciada a chegada de uma frente fria para o fim de semana.

No ano passado, o nível do rio em Assunção superou os 7 metros e deixou mais de 85 mil deslocados na capital e um total aproximado de 200 mil afetados em todo o país. EFE

sct/cdr

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