China aposta na energia nuclear para reduzir suas emissões poluentes

  • Por Agencia EFE
  • 26/04/2015 06h52
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Adrià Calatayud.

Pequim, 26 abr (EFE).- Esquecidos os temores surgidos após a catástrofe da central atômica de Fukushima, no Japão, em 2011, a China reafirmou nesta semana sua aposta no setor nuclear como principal alternativa energética aos combustíveis fósseis.

O gigante asiático, que atualmente tem 23 centrais operativas, anunciou que colocará em funcionamento neste ano oito das 26 plantas que está construindo, enquanto dará sinal verde ao início das obras de entre seis e oito instalações mais.

As autoridades chinesas, pressionadas por uma poluição que incomoda a população cada vez mais, consideram que este ano é crucial em sua aposta na energia nuclear.

“2015 é um ano importante no qual a China reiniciará seu programa nuclear depois da crise do Japão”, disse o presidente da Associação da Energia Nuclear da China, Zhang Huazhu, durante uma feira do setor realizada nesta semana em Pequim.

O tsunami que seguiu um terremoto no dia 11 de março de 2011 e que atingiu a central de Fukushima não só provocou um dos maiores acidentes nucleares da história, mas foi um balde de água fria para os planos do governo chinês de potencializar esta fonte de energia para moderar suas emissões de gases poluentes.

Depois de Fukushima foi decretada uma moratória ao programa nuclear chinês, para examinar a segurança das usinas existentes e projetadas, que acabou no mês passado, quando o governo concedeu licenças à construção de dois novos reatores.

“Foi necessário fazer melhorias nos projetos, mas algumas centrais voltaram a ser aprovadas, algumas já planificadas, e todos esses planos estão sendo reativados”, explicou à Agência Efe Tamara París, representante da empresa espanhola Equipos Nucleares (ENSA) na feira da indústria nuclear de Pequim.

Dessa revisão saiu uma estratégia oficial que espera alcançar uma capacidade de geração elétrica de 58 gigawatts a partir dos aproximadamente 20 gigawatts que tem na atualidade.

Mais adiante, a China poderia aumentar sua capacidade até 150 gigawatts em 2030 e “muito mais” em 2050, segundo a ficha do país publicada pela Associação Nuclear Mundial em seu site.

O governo chinês “considera bastante claro, não tem mais que ver a nuvem que há em cima de Pequim e outras grandes cidades devido à geração de energia com carvão: a energia nuclear faz parte da solução”, disse à Efe o diretor do negócio nuclear da empresa espanhola Técnicas Reunidas, Manuel Casanova.

De acordo com dados do Escritório Nacional de Estatísticas da China de 2013 (os últimos disponíveis), o carvão cobre 66% da demanda energética do país, na frente do petróleo (18,4%) e do gás natural (5,8 %).

Além disso, por causa do histórico acordo entre China e Estados Unidos sobre a mudança climática alcançado no último mês de novembro, o país asiático se comprometeu a que, em 2030, 20% de sua energia proceda de fontes limpas e renováveis (entre as quais as autoridades chinesas incluem a nuclear).

A energia nuclear representa na atualidade 2,4% da geração total de eletricidade, segundo a Associação da Energia Nuclear da China, que vê um enorme potencial de crescimento no setor.

Assim entende também o governo chinês, que dentro de seu ambicioso plano de expansão da energia nuclear incorporou os primeiros reatores de design nacional (o modelo Hualong 1), desenvolvidos por duas companhias estatais e que neste mês receberam as primeiras licenças de construção.

Além disso, Pequim já assinou acordos de exportação desta tecnologia, de modo que o ímpeto da aposta nuclear chinesa acabará chegando a países como Argentina, Paquistão, Reino Unido, África do Sul e Romênia. EFE

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