China aumenta presença externa, mas não busca uma nova ordem mundial

  • Por Agencia EFE
  • 08/03/2015 14h12

Rafael Cañas.

Pequim, 8 mar (EFE).- A China vai fortalecer sua presença internacional neste ano, aumentando sua cooperação com a Rússia e buscando um acomodo com os Estados Unidos, mas não pretende criar uma nova ordem mundial, afirmou neste domingo o ministro das Relações Exteriores do país asiático, Wang Yi.

Em entrevista coletiva em função do plenário anual da Assembleia Nacional Popular (a única concedida por ano), Wang destacou também a comemoração que Pequim fará do 70º aniversário do final da Segunda Guerra Mundial, com um novo aviso ao Japão, e defendeu a ação de seu país na disputada região do Mar da China Meridional.

Apesar da crescente assertividade chinesa no exterior, Wang declarou que seu país não quer criar uma nova ordem mundial, mas reformar o atual de forma pactuada, e espera que os atos do 70º aniversário da fundação das Nações Unidas, em setembro, permitam avançar nessa direção.

Wang afirmou que a ONU é um navio no qual China navega “com outros 190 países”.

“Certamente que não queremos agitar o navio, mas trabalhar com os demais passageiros para nos assegurar que ele navegue de forma estável e com o rumo adequado”, argumentou.

A cada vez maior atividade chinesa na política internacional, proporcional à seu crescente peso econômico, inclui disputas periódicas sobre soberania em águas e ilhas no Mar da China Meridional, o que causa inquietação em vários países da região, como Japão, Filipinas ou Vietnã.

Wang disse que as atividades de construção e ampliação que a China realizou em algumas ilhas e ilhotas locais são “necessárias” e “legais”, apesar dos protestos de outros governos.

Dentro de seu tom moderado, o ministro chinês teve palavras amistosas e esperançadoras para com Estados Unidos, Rússia e Índia, mas voltou a lançar uma advertência ao Japão por conta da falta de contrição de Tóquio por seus crimes de guerra e atrocidades durante a Segunda Guerra Mundial.

Wang disse que Pequim espera que a visita que o presidente da China, Xi Jinping, fará aos Estados Unidos em setembro permita “impulsionar um novo modelo de relação” entre as duas principais potências mundiais.

O ministro disse que se essa relação se baseia em um provérbio chinês (“a sinceridade pode fazer maravilhas”), Washington e Pequim chegarão longe, mas alertou que haverá “desacordos” entre ambos e deixou claro que eles “não devem ser magnificados”.

Sobre a Rússia, Wang insistiu na vontade chinesa de manter e aumentar a cooperação econômica, que para Moscou se transformou em um grande apoio após as sanções ocidentais pelo conflito da Ucrânia, a forte queda do rublo e o desabamento dos preços do petróleo.

O ministro também se mostrou positivo em relação à Índia, ao ressaltar que as conversas sobre a fronteira comum “continuam alcançando progressos” e quanto ao tom positivo da relação de Pequim com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, que visitará a China em maio.

Por outro lado, o Japão recebeu uma reprimenda em termos diplomáticos, já que Pequim continua considerando que o país vizinho não admitiu de forma suficiente seus crimes de guerra durante a última Guerra Mundial.

Em outras questões internacionais, como as negociações nucleares com o Irã ou a sempre difícil situação da península coreana, o ministro ressaltou a ativa contribuição chinesa e apregoou pela busca de soluções negociadas.

Wang destacou que a China continuará neste ano estendendo sua ação em regiões como África e Ásia Central, por exemplo com a materialização das chamadas Nova Rota da Seda e Nova Rota da Seda Marítima, que buscam lançar a construção de infraestruturas para promover os intercâmbios comerciais. O objetivo, segundo ele, é “a revitalização do continente eurasiático em seu conjunto”.

O ministro também antecipou que a China vai potencializar sua ação diplomática para ajudar e proteger seus cidadãos no exterior, depois que em 2014 o número de turistas chineses que viajaram para fora do país superou a barreira simbólica de 100 milhões de pessoas, o que representa “a maior população flutuante” do mundo. EFE

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