China condena jornalista a 7 anos de prisão por revelar segredos estatais
Pequim, 17 abr (EFE).- Um tribunal de Pequim condenou nesta sexta-feira (data local) a jornalista Gao Yu, uma das principais críticas do governo da China, a sete anos de prisão por revelar segredos de estado.
Gao, de 71 anos, recorrerá da sentença, que inclui também um ano de privação dos direitos políticos, confirmou à Agência Efe o advogado da jornalista, Mo Shaoping.
Shaoping disse que Gao escutou “tranquila” a decisão do tribunal, apesar da não estar nas melhores condições de saúde. Além de um problema no coração, ela possui a síndrome de Menière, que provocou vários desmaios durante seu período na prisão.
Gao foi presa em abril do ano passado e julgada em novembro, em um caso que é visto por amigos e defensores dos direitos humanos como uma tentativa de silenciar uma profissional com acesso aos segredos do Partido Comunista da China (PPCh).
As autoridades alegam que a jornalista obteve de forma ilegal um documento interno do PCCh e o enviou para uma página de internet estrangeira, que publicou e deu “extensa” visibilidade ao relatório.
Trata-se do chamado “Documento Número 9”. Através da circular, o governo alertava os membros do partido sobre “sete perigos”, entre eles a democracia constitucional ocidental, a promoção de valores como os direitos humanos e a liberdade de imprensa.
Algumas partes do documento, de 2013, foram publicadas em meios de comunicação oficiais. Por isso, vários juristas defendem que a justificativa de “segredo de Estado” não pode ser usada.
Pouco após ser presa em abril, Gao apareceu na televisão confessando seu delito. Depois, ela afirmou a seu advogado que fez as declarações por medo de algo acontecesse ao seu filho, que tinha sido ameaçado anteriormente.
Não foi a primeira vez que Gao foi presa pelo seu trabalho. A jornalista passou sete anos na prisão por seus comentários políticos. Primeiro, passou 15 meses detida após o massacre da Praça da Paz Celestial em 1989. Posteriormente, foi condenada a seis anos de prisão em 1993 pelo mesmo crime da qual foi acusada hoje.
Defensores dos direitos humanos criticaram hoje a dura sentença contra Gao, que veem a decisão como mais um passo do governo do presidente Xi Jinping contra a liberdade de imprensa.
“A dura sentença reflete a piora da repressão contra a sociedade civil desde que “(o presidente da China) Xi Jinping tomou o poder. Pretende enviar uma mensagem a outros, de que o governo tem zero tolerância com a dissidência”, afirmou à Efe Maya Wang, da organização Humans Right Watch. EFE
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