China deporta artista chino-australiano que lembrou massacre da Praça da Paz

  • Por Agencia EFE
  • 16/06/2014 11h32

Pequim, 16 jun (EFE).- O governo da China deportou nesta segunda-feira o artista Guo Jian – nascido no país asiático, mas naturalizado australiano – depois que o mesmo passasse duas semanas preso por manifestar sua opinião sobre o massacre de Praça da Paz Celestial em meio ao seu 25º aniversário, celebrado no último dia 4 de junho.

O artista, de 52 anos, foi enviado nesta segunda-feira a Sydney em um voo da companhia Air China que teria partido de Pequim, informou sua amiga Melanie Wang através das redes sociais.

Guo, que participou dos protestos a favor da democracia na capital chinesa em 1989, foi detido no dia 1º de junho em sua casa em Pequim. Na ocasião, o artista era acusado de “fraude em seu visto”, como confirmou o Ministério das Relações Exteriores da China.

No entanto, a detenção ocorreu dois dias depois que o jornal britânico “Financial Times” publicasse um perfil em que Guo narrava sua experiência nesses protestos, e também após a exibição de um diorama da Praça de Praça da Paz Celestial coberto com troços de carne de porco crua por parte do artista.

Recentemente, o jornal australiano “The Sydney Morning Herald” informou que as autoridades destruíram este e outros trabalhos de Guo em seu estúdio na capital.

Por conta destes e outros motivos, seus amigos, familiares e organizações de direitos humanos passaram a considerar que essa deportação faz parte de uma medida de castigo por parte do regime comunista, principalmente por ter exposto sua opinião em relação ao ocorrido na capital chinesa há 25 anos.

Guo, que já serviu o Exército chinês, fez toda sua vida pessoal e profissional em Pequim e, embora fosse consciente do risco de falar sobre a Praça da Paz Celestial, não esperava uma represália semelhante, disseram os amigos do artista à Agência Efe.

A deportação de Guo é um dos expoentes mais radicais de uma campanha de repressão em grande escala que o governo chinês vem realizando neste ano para silenciar as celebrações do aniversário do massacre, denunciaram as organizações Human Rights Watch e Chinese Human Rights Defenders (CHRD).

Desde que esta campanha foi iniciada, em abril, a CHRD contabilizou em até 50 o número de pessoas que chegaram a estar desaparecidas ou foram interrogadas e detidas.

Embora muitos já tenham sido libertados, há casos como o de Guo e o do proeminente advogado Pu Zhiqiang – defensor do artista Ai Weiwei -, que foi acusado formalmente na última sexta-feira de “criar distúrbios” e de “obter informação pessoal ilegalmente”. Antes, há cerca de um mês, Zhiqiang foi detido durante uma comemoração privada na Praça da Paz Celestial. EFE

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