China detém 40 pessoas por tentar protestar ou criticar desfile militar
Pequim, 3 set (EFE).- Pelo menos 40 ativistas ou manifestantes chineses foram detidos ou perseguidos por tentar ir ao desfile militar realizado nesta quinta-feira em Pequim para protestar ou por criticar o evento, confirmou à Agência Efe a organização Chinese Human Rights Defenders (CHRD).
As detenções aconteceram em distintas províncias e cidades da China, como Shandong, Cantão e Xangai, depois que ativistas e peticionários – cidadãos que viajam à capital para reivindicar justiça – tentaram deslocar-se a Pequim, explicou a investigadora da CHRD, Frances Eve.
Um dos casos mais chamativos é o de um veterano de guerra incapacitado de 51 anos, Li Jiangliang, que desde o final dos anos 90 pede justiça por uma disputa com diversos funcionários locais que lhe intimidaram e ameaçaram, e que nunca foi resolvida.
Por suas tentativas de reivindicar justiça, Li foi sentenciado a três anos de prisão e, desde então, considerado um “criminoso” aos olhos do governo.
O homem foi interceptado pela polícia no dia 27 de agosto quando estava viajando a Pequim depois de sair da província de Henan, com a intenção de reivindicar a anistia para criminosos anunciada pelo presidente Xi Jinping por ocasião do aniversário de 70 anos do final da Segunda Guerra Mundial celebrado hoje na China.
Segundo os dados da CHRD, a polícia decidiu prendê-lo por 15 dias.
Seu caso, denunciou Eve, evidencia que a anistia anunciada por Xi “é um grosseiro truque propagandístico: O tratamento violento sofrido por Li por tentar que fosse revogado seu status evidencia o difícil que é conseguir justiça para aqueles que se viram prejudicados pelo sistema chinês”.
Outro dos exemplos destacados pela organização é o de uma peticionária, Chen Qiongshu, que criticou o desfile na internet, com um comentário no qual opinava que o evento era um desperdício de dinheiro público para um país “com vários problemas sociais”.
Por seus comentários, as autoridades decidiram modificar uma sentença anterior de prisão contra a peticionária – considerada culpada de alteração da ordem pública por participar de um protesto contra a empresa de táxis para a qual trabalhava – que tinha sido comutada por liberdade condicional.
Agora as autoridades voltaram atrás e decidiram que Chen deve cumprir um ano e meio de prisão por esse delito. EFE
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