China e Rússia não impedem que Conselho de Segurança trate da Coreia do Norte

  • Por Agencia EFE
  • 22/12/2014 19h50

Nações Unidas, 22 dez (EFE).- China e Rússia se opuseram sem sucesso nesta segunda-feira a que o Conselho de Segurança da ONU analise a situação dos direitos humanos na Coreia do Norte, argumentando que a decisão só conseguirá aumentar a tensão na península.

“O Conselho de Segurança deveria facilitar o diálogo e diminuir as tensões, evitando fazer coisas que possam aumentar a tensão”, disse o embaixador chinês, Liu Jieyi.

Jieyi falou ao começo da sessão que pela primeira vez o principal órgão de decisão das Nações Unidas dedica à situação no país asiático.

Perante a oposição chinesa, o Conselho submeteu à votação a realização do debate, que foi apoiada por 11 dos 15 membros do órgão.

Dez deles (Austrália, Chile, França, Jordânia, Lituânia, Luxemburgo, Coreia do Sul, Ruanda, Reino Unido e Estados Unidos) tinham pedido a reunião por escrito, argumentando que os abusos supostamente cometidos pelo regime de Pyongyang representam uma ameaça para a paz e a estabilidade na região.

A eles uniu-se hoje a Argentina, que votou a favor, enquanto Chade e Nigéria se abstiveram.

Apenas China e Rússia, que neste tipo de voto de procedimento não contam com seu habitual poder de veto, se opuseram à realização do debate.

O representante de Pequim, habitual aliado de Pyongyang, insistiu que o Conselho de Segurança não é o local adequado para tratar a questão dos direitos humanos e advertiu que a iniciativa “só pode trazer danos ao invés de benefícios”.

As discussões de hoje no Conselho acontecem depois que a Assembleia Geral da ONU pediu no mês passado a este órgão que considere a possibilidade de levar os supostos crimes na Coreia do Norte perante o Tribunal Penal Internacional (TPI).

A solicitação foi feita através de uma resolução não vinculativa impulsionada por União Europeia e Japão, e que recebeu 111 votos a favor, 55 abstenções e 19 contra.

Dado que a Coreia do Norte não aceitou a jurisdição do TPI, apenas uma decisão do Conselho de Segurança pode levar os abusos cometidos no país ao tribunal com sede em Haia.

Uma investigação da ONU divulgada neste ano revelou abusos maciços e sistemáticos por parte do regime norte-coreano, entre eles evidências de “extermínio, assassinato, escravidão, desaparecimento forçado, execuções sumárias, torturas, violência sexual, abortos forçados, privação de alimento, deslocamento forçado de povoações e perseguição por motivos políticos, religiosos, racionais ou de gênero”.

Segundo o detalhado relatório, até 120.000 prisioneiros políticos estão retidos em quatro grandes campos de trabalho, onde são privados deliberadamente de alimentos como forma de controle e castigo e submetidos a trabalhos forçados. EFE

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