China pede que Japão assuma culpa em massacre para enterrar o passado

  • Por Agencia EFE
  • 13/12/2014 11h09

Rafael Cañas.

Pequim, 13 dez (EFE).- A China voltou a pedir neste sábado ao Japão que assuma sua responsabilidade pelo massacre da cidade de Nanquim, onde tropas japonesas mataram mais de 300 mil pessoas entre 1937 e 1938, segundo Pequim, mas apostou também em enterrar o ódio e promover a amizade entre ambos países.

A lembrança do 77º aniversário do início do massacre, o primeiro com a categoria de Dia Nacional, contou com a presença do presidente da China, Xi Jinping, que estendeu a mão ao novo governo japonês que saia das eleições legislativas de amanhã, mas sem renunciar aos tradicionais pontos de vista de Pequim.

Xi não deixou de reivindicar que Tóquio admita sua culpa pelos massacres: “A História não aceitará que neguem o massacre de Nanquim”, afirmou.

“Esquecer a história é uma traição e negar um crime é repeti-lo”, acrescentou o chefe do Estado chinês.

Embora desde 1945 Tóquio tenha pedido perdão em várias ocasiões pelo “sofrimento” provocado por suas políticas ultranacionalistas e militaristas dos anos 30, China e Coreia do Sul não consideraram as desculpas suficientemente completas e sinceras.

Inclusive, não faltam vozes no Japão, especialmente em meios de comunicação mais conservadores e nacionalistas, que questionam a existência do massacre de Nanquim.

Xi ressaltou hoje que “os crimes não devem ser esquecidos” e lembrou que desde o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, os tribunais internacionais culparam o Japão pela tragédia de Nanquim, uma cidade situada no leste da China e que atualmente tem oito milhões de habitantes.

No entanto, e embora ressaltando que há pessoas que ainda resistem a admitir a responsabilidade japonesa em atrocidades e crimes de guerra cometidos durante a invasão japonesa e a Segunda Guerra Mundial, o presidente da China também estendeu uma mão a Tóquio.

“O fato de um punhado de militaristas ter começado uma guerra não é razão para que odiemos toda uma nação”, afirmou Xi, salientando que “não realizamos esta cerimônia com ódio. China e Japão devem ser amigos”.

No dia 13 de dezembro de 1937, após a invasão da China, o exército japonês chegou a Nanquim e, nas seis semanas seguintes, seus soldados promoveram saques e incêndios, violentaram dezenas de milhares de mulheres e assassinaram entre 150 mil e 340 mil pessoas, segundo distintas fontes históricas.

A cerimônia deste sábado acontece em meio a uma tímida aproximação diplomática entre ambos países após a reunião entre Xi e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, no início de novembro em Pequim.

Pequim e Tóquio mantêm disputas periódicas pela disputa sobre a posse das ilhas Diaoyu/Senkaku, reivindicadas por ambos países, uma relação complicada também pela lembrança da invasão japonesa, que deixou, segundo fontes históricas, cerca de 20 milhões de mortos na China, a grande maioria civis.

A disputa bilateral se aguçou nos últimos dois anos, tanto pela questão das ilhas como pelas visitas ou oferendas de Abe ao santuário de Yasukuni, onde se honra a memória dos soldados japoneses caídos, e no qual figuram os nomes de responsáveis de crimes de guerra e atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial e em território chinês.

Nos últimos dias, os meios de comunicação oficiais chineses recuperaram dados históricos e testemunhos de sobreviventes das atrocidades cometidas em Nanquim, a fim de criar um clima propício para a cerimônia de hoje. EFE

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