Cidadãos reivindicam devolução de estátua de Stalin à sua cidade natal

  • Por Agencia EFE
  • 02/04/2015 10h31

Misha Vignanski.

Tbilisi, 2 abr (EFE).- Cerca de 10 mil assinaturas foram reunidas para solicitar que as autoridades devolvam a estátua de Josef Stalin à Gori, cidade natal do ex-ditador, de onde foi retirada em 2010 pelo então presidente Mikhail Saakashvili, durante uma tentativa de varrer qualquer tipo de referência à União Soviética da Rússia.

“A grande maioria dos georgianos é a favor da recuperação do monumento. Não se trata de nostalgia pelo ditador, mas de respeito pela nossa história e pela memória de Stalin, nosso compatriota mais célebre”, declarou à Agência Efe o líder do Partido Comunista georgiano em Gori, Aleksandr Lursmanishvili.

Os cidadãos pediram que a estátua de bronze de sete metros seja recolocada na porta da antiga casa de Stalin, transformada em museu, antes de 9 de maio, dia em que a vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista é recordada – façanha militar atribuída ao ex-ditador.

A escultura não poderá ser devolvida à praça do centro da cidade, de onde foi retirada, por causa da lei que proíbe a construção de monumentos que façam qualquer tipo de referência ao totalitarismo, aprovada pelo atual governo georgiano, de Bidzina Ivanishvili.

Porém, esta restrição não impediria que a estátua de Stalin ficasse no terreno do museu, onde pode ser considerada uma peça de arte.

“Temos voluntários para uma greve de fome, para o caso de se não sermos atendidos. Não nos pararão”, assegurou Lursmanishvili, que acrescentou que os protestos se estenderão até Tbilisi, onde está o Ministério da Cultura.

A figura de Stalin é amplamente explorada como atrativo turístico, não apenas em Gori, mas em todo o país.

Na casa onde viveu até os 16 anos, há, além de objetos pessoais do ex-ditador, todos os tipos de lembranças e souvenires, que, muito populares entre os turistas, vão de uma garrafa de vinho, a camisetas e caixas de fósforos com o retrato de Stalin no rótulo.

O museu, aberto para visitação desde 1957, foi visitado no ano passado por mais de 40 mil turistas, a maioria estrangeiros. A casa expõe objetos pessoais do ex-ditador, como um de seus famosos cachimbos, um par de botas, um capote, um telefone e utensílios de cozinha.

Há dois anos, o museu assinou um convênio com o de Mao Tsé-tung em Shaoshan, na China, cidade natal do pai do comunismo chinês. Desde então, muitos chineses vão à Geórgia para visitar a antiga casa do ex-ditador soviético.

A estátua, erguida no centro da cidade natal de Stalin em 1952, pouco antes de sua morte, foi desmontada em 2010, por ordem do então presidente do país, Mikhail Saakashvili, posteriormente considerado inimigo da Rússia e que atualmente ocupa um cargo importante no governo da Ucrânia.

Na época que governou o país, Saakashvili, que coincidentemente nasceu no mesmo dia que Stalin (21 de dezembro), promoveu uma campanha contra todos os símbolos soviéticos e os comparou aos fascistas.

Para justificar a retirada do monumento, Saakashvili afirmou que nenhuma cidade georgiana poderia abrigar “um símbolo do império que atacou a Geórgia”, se referindo à guerra russo-georgiana de 2008, travada pelo controle da separatista Ossétia do Sul.

A estátua de Stalin, que antigamente descansava sobre um pedestal de 10 metros, é o monumento em homenagem ao ex-ditador mais conhecido do país, sobretudo depois da destruição de muitos outros, por causa da campanha promovida para dissolver o culto a sua personalidade, iniciada por seu sucessor, Nikita Khrushchov. EFE

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