Cidade de Ferguson amanhece tranquila após outra noite de distúrbios

  • Por Agencia EFE
  • 16/08/2014 14h24

Washington, 16 ago (EFE).- A cidade de Ferguson, nos Estados Unidos, amanheceu tranquila neste sábado após uma noite de distúrbios e saques, quando se completa uma semana da morte do jovem afro-americano Michael Brown, por disparos de um policial em circunstâncias ainda não esclarecidas.

Brown, de 18 anos, morreu em um incidente no qual testemunhas e agentes sustentam versões contraditórias, o que causou a indignação dos moradores de Ferguson, um subúrbio de Saint Louis de 21 mil habitantes, de maioria negra.

Após uma semana de protestos, alguns deles violentos, os manifestantes preveem lembrar Brown neste sábado com uma vigília em frente à delegacia da cidade.

Os ânimos se aqueceram ontem depois que as autoridades revelaram a identidade do agente que atirou em Brown, ao mesmo tempo em que divulgou pela primeira vez um vídeo do jovem como suspeito do roubo de cigarros em uma loja próxima ao local da morte.

A aparição deste vídeo, ao qual a polícia não tinha feito menção alguma até agora, seis dias depois do incidente e no mesmo momento em que identificava o agente, irritou família de Brown e os manifestantes, que veem a atitude como uma tentativa de desviar a atenção e criminalizar o jovem.

A confusão e o mal-estar aumentaram quando a polícia, em duas entrevistas coletivas nesse mesmo dia, ofereceu duas versões dos fatos: uma na qual dava a entender que o agente sabia que o jovem estava sendo procurado pelo roubo, e outra na qual se desvinculavam ambos momentos.

O tom dos protestos tinha mudado com a decisão do governador do Missouri, Jay Nixon, na quinta-feira, de substituir a polícia local – questionada por sua dura atuação nos protestos e devido à falta de transparência sobre o fato – pela Patrulha de Estradas do estado, liderado pelo afro-americano Ron Johnson.

No entanto, de madrugada o que tinha sido uma jornada tranquila terminou com danos em várias lojas, saques, e tensão entre a polícia e os manifestantes.

Tudo começou quando várias dezenas de pessoas bloquearam a rua e avançaram sobre os policiais com as mãos ao alto (a posição na qual morreu Brown segundo as testemunhas) apesar da advertência de “detenções e outras ações” se não se dispersassem.

Embora esta tensão tenha durado mais de duas horas, os agentes não se movimentaram de suas posições e mantiveram uma atitude muito contida para evitar uma escalada maior da violência, como tinha ocorrido em dias anteriores.

Apesar da chuva que caiu durante toda a noite sobre Ferguson, no estado do Missouri, centenas de manifestantes mantiveram seu protesto, enquanto líderes e membros da comunidade tentavam bloquear as entradas das lojas para evitar os saques.

A morte do jovem suscitou de novo o debate racial no país, ainda com a lembrança recente do caso de Trayvon Martin, um adolescente afro-americano que morreu por um tiro disparado por um vigilante voluntário na Flórida em 2012. EFE

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