Cientistas propõem novo tipo de cirurgia para combater a obesidade
Londres, 21 jul (EFE).- Um grupo de cientistas testou com sucesso em ratos uma nova técnica cirúrgica que pode chegar a substituir as “complicadas” e “invasivas” operações de redução de estômago em humanos, publicou nesta terça-feira a revista britânica “Nature”.
Este novo procedimento, desenvolvido por especialistas do Vanderbilt University Medical Center de Nashville, nos Estados Unidos, consiste em desviar o fluxo de bílis para a parte final do intestino delgado, o íleon.
O resultado sobre a perda de peso nos roedores obesos é comparável ao oferecido por métodos mais tradicionais, como a gastrectomia vertical ou a cirurgia bariátrica.
Nesta última, que requer uma mínima incisão ao ser por via laparoscópica, são usados instrumentos cirúrgicos para reduzir o estômago do paciente e ligá-lo diretamente ao intestino delgado pelo chamado bypass gástrico.
A gastrectomia vertical retira até 90% do estômago do paciente e o órgão fica reduzido a uma espécie de canal com capacidade de absorção aproximada de 50 a 60 gramas.
Em ambos os casos, o resultado é que o paciente come menos e, ao mesmo tempo, absorve menos do alimento que ingeriu, por isso estão entre os métodos cirúrgicos “mais efetivos” para conseguir “uma perda de peso duradoura” e “reverter os sintomas do diabetes em humanos”, apontaram os autores da pesquisa liderada pelo especialista Naji Abumrad.
Estudos anteriores também já mostraram que os ácidos biliares potencializam os “efeitos metabólicos positivos” que gerados pelos bypasses gástricos.
Levando em conta esse conhecimento, Abumrad e seus colegas conectaram a vesícula biliar de ratos obesos a diferentes partes do intestino delgado e compararam depois os “benefícios metabólicos” desta intervenção com os de um bypass durante um período de até oito semanas.
Os especialistas descobriram que a simples injeção de fluxo de ácido biliar no íleon é suficiente para obter efeitos similares aos gerados por “procedimentos cirúrgicos tradicionais mais complicados”.
Aparentemente, esses efeitos são consequência de uma redução na absorção de gordura no intestino delgado e a mudanças na microbiota (flora intestinal), segundo o estudo.
Embora esse novo procedimento seja “menos invasivo” e mais simples do ponto de vista técnico, os autores alertam que sua segurança e eficácia a longo prazo ainda não foram determinados.
Além disso, os especialistas defendem que essa técnica pode ser inviável para pacientes obesos ou diabéticos cujas vesículas biliares foram retiradas para combater os cálculos biliares.
Os pesquisadores também disseram que ainda é cedo para saber com exatidão até que ponto essa nova intervenção cirúrgica é reversível. EFE
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