Cintos de castidade para homens, a nova moda no Quênia?

  • Por Agencia EFE
  • 25/06/2015 10h27
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Jèssica Martorell.

Nairóbi, 25 jun (EFE).- Na vitrine de uma loja no centro de Nairóbi, um manequim nu se destaca com uma cobertura metálica sobre os órgãos genitais: esse é o polêmico cinto de castidade para homens que começou a ser comercializado com o pretexto de proteger os quenianos de suas mulheres.

A cueca de ferro, que é trancada com um cadeado de “extrema segurança”, passou a ocupar um lugar entre ternos, camisas e gravatas há algumas semanas, após ser noticiado o caso de uma mulher da cidade de Nyeri que cortou o pênis do marido como vingança por infidelidade.

O incidente inspirou o proprietário deste estabelecimento que, com chapas de metal e um grande cadeado, descobriu um meio de proteger os genitais masculinos contra possíveis atos violentos de suas esposas.

“Depois dos incidentes ocorridos em Nyeri, buscamos algo como isso. Todos sabem que é melhor prevenir do que remediar, então desenvolvemos essa ideia, para prevenir”, contou à Agência Efe Kelvin Omondi, funcionário dessa pequena loja em Koinange Street, no centro da capital queniana.

Por enquanto, apenas oito pessoas foram à loja interessadas no curioso acessório que, por 1.200 xelins (R$ 38), é feito sob medida para o cliente.

Desde que o cinto de castidade apareceu na vitrine, todos passaram a ter diversas opiniões sobre o tema. Os pedestres que passam pela loja ficam surpresos quando observam o acessório, que parece ter sido tirado da Idade Média.

Boniface, cliente habitual da loja, disse à Efe que o cinto parece uma “grande ideia” para proteger as partes íntimas masculinas das mulheres irritadas.

“Se as mulheres forem ao extremo, nós também temos que fazer o mesmo”, afirmou o cliente.

No entanto, outro queniano observa estupefato a invenção e, entre risos, pergunta se o produto realmente está à venda ou se é uma piada. “Eu não preciso de uma coisa dessas”, disse com cara de espanto.

O sucesso da invenção ainda é duvidoso, já que parece pouco provável que o incidente de Nyemi se torne uma preocupação real e generalizada entre os quenianos. Além disso, é complicado imaginar um homem andando sem dificuldades com um acessório rígido e pesado.

Boniface defende a criação do cinto. Segundo ele, “quando se trata de segurança, a comodidade não importa”.

Na mesma linha, Omondi também se mostra otimista sobre a viabilidade deste cinto de castidade, apesar de ainda não ter vendido nenhuma unidade.

“Os assuntos familiares são um tema tabu no Quênia e se resolvem em casa. Este cinto é uma boa maneira de resolvê-los”, insistiu o criador.

Os clientes interessados, homens com idade entre 25 e 35 anos, não explicaram por que precisam desses cinturões, mas “a razão é óbvia”, disse Omondi.

“É como a pessoa que compra remédios. O que ela quer é curar o resfriado”, comparou.

Segundo o mito – questionado por historiadores -, a origem desses acessórios remete à Idade Média, quando os maridos obrigavam as esposas a usá-los enquanto eles lutavam na guerra ou simplesmente se ausentavam por um longo tempo, para evitar infidelidades sexuais.

É dito que o cadeado que trancava o antigo cinto de castidade tinha duas chaves: uma ficava com o marido e a outra com o sacerdote. Se o marido não voltasse em quatro anos, o sacerdote poderia libertar a mulher da “prisão sexual”.

Agora, os cintos de castidade que pretendem fazer sucesso em Nairóbi querem se adaptar aos novos tempos e às novas necessidades da sociedade queniana: servir como proteção das vinganças de mulheres que sofrem infidelidades.

“Não se deve esquecer de manter a chave longe da esposa, senão não serve de nada”, lembrou o inventor do novo produto. EFE

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