Civis são os principais alvos militares do governo sírio e de grupos armados

  • Por Agencia EFE
  • 23/06/2015 11h24

Genebra, 23 jun (EFE).- O governo da Síria e os diferentes grupos armados que o combatem focam suas operações armadas contra os civis, aos quais bombardeiam indiscriminadamente, impõem condições como a crise de fome, impedem o acesso da ajuda humanitária e os submetem a torturas, abusos sexuais e outras violações de forma sistemática.

Esta é uma das principais conclusões da última atualização elaborada pela comissão de investigação das Nações Unidas sobre as atrocidades cometidas no conflito sírio.

O relatório, que será apresentado nesta terça-feira ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, lembra que a guerra entrou em seu quinto ano e a situação da população é mais desesperadora do que nunca.

“O conflito se tornou uma guerra com a participação de múltiplos agentes e na qual todos os beligerantes têm avanços e retrocessos. Isto só serve para estimular a ilusão que uma vitória militar persiste”, diz o relatório. O texto destaca “que os civis são deliberadamente atacados de forma indiscriminada e desproporcional”.

“Continuamos recebendo acusações corroboradas de assassinatos ilegais, tortura, abuso sexual, desaparições forçadas e sequestros”, aponta o estudo.

O relatório denuncia que “muitas crianças foram assassinadas em bombardeios de suas casas, escolas e parques de recreação”. Os membros da comissão deixam claro que “todas as forças em conflito” atacaram as áreas residenciais de forma indiscriminada.

“O governo, com sua força superior e controle aéreo, causa o maior dano em seus ataques indiscriminados a cidades, vilarejos e bairros que não controla. O padrão dos ataques e a maneira em que foram realizados mostra uma aparente falta de precaução do governo sírio e uma falta de distinção entre alvos militares civis”, relata a análise.

Os especialistas citaram o exemplo de Aleppo, onde a maioria dos ataques do governo foram contra áreas residenciais afastadas das linhas de frente.

Além disso, o relatório acusa o governo de continuar atacando “lugares onde civis se aglomeram, como estações de ônibus, mercados e padarias”. Exatamente o mesmo que os grupos armados, que atacam as áreas residenciais das localidades controladas pelo governo, segundo o documento.

O relatório denuncia que os hospitais e centros de saúde são atacados de forma rotineira e que uma “arma” constantemente utilizada é evitar que os doentes tenham acesso a serviços médicos.

“Forças do governameno continuaram bombardeando hospitais e unidades médicas para evitar que os civis que vivem em regiões controladas pelos grupos armados possam receber tratamento de saúde”, um padrão de comportamento que a comissão também atribui aos grupos armados.

Os analistas também denunciam tanto o regime de Bashar al Assad como os grupos armados, incluindo o Estado Islâmico (EI), de usar o estados de sítio até mesmo a crise de fome como arma de guerra.

Além disso, o relatório denuncia que o governo continua obstruindo a distribuição de assistência humanitária às pessoas refugiadas e nas regiões residenciais afetadas pelo conflito.

A comissão também insiste nos ataques deliberados ao patrimônio cultural como a cidade de Aleppo e destaca que foram recebidas novas denúncias sobre o uso de ataques com cloro em diversas localidades, mas que estes incidentes ainda estão sendo investigados. EFE

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