“Clima está pesado, como jamais visto”, conta brasileiro em Paris

  • Por Jovem Pan
  • 14/11/2015 10h28
Alessandro Ferreira/ acervo pessoal Imagens da rua Alibert com a rue Bichat

O brasileiro Alessandro Ferreira, zelador de imóvel em Paris, mora no centro da capital francesa, a 100 metros de um dos atentados que deixaram dezenas de mortos na noite desta sexta. Ele estava com sua esposa francesa, com quem está casado há 18 anos, em uma festa de aniversário, interrompida pelo medo suscitado pelas notícias do atentado.

Ferreira entrou no metrô e viu pessoas que voltavam do jogo entre França e Alemanha. Elas estavam em silêncio contrastante com a vitória da seleção local por 2 a 0. Houve três explosões de bombas nas redondezas do estádio onde ocorria o jogo também. O brasileiro não conseguiu fazer baldeação no local que precisava, teve de ir para casa a pé e esperou mais de 40 minutos na entrada de sua rua, totalmente interditada, para poder entrar em casa.

Sua prima, Laurence Claude, estava em um restaurante na Rue de Charonne e as pessoas achavam que os primeiros tiros que ouviram eram fogos de artifício. Quando os gritos de pessoas desmentiram a impressão inicial, todos se abaixaram ou se esconderam no banheiro, onde o pânico pairava, pois os celulares não funcionavam. Quando finalmente se sentiram seguros para deixarem o estabelecimento, “não tinha polícia, não tinha nada, apenas corpos na rua”.

Vigilância

Alessandro conta que não viu uma grande mudança no dia-a-dia de Paris após os atentados ao jornal Charlie Hebdo em janeiro, cuja sede fica a 1 km de sua residência. “O que mudou em setembro, quando a França começou a operação militar na Síria”, conta. Quando ia a centros comerciais, lojas da Galeries Lafayette ou mesmo no metrô, bolsas eram revistadas.

“Aí sim a gente começou a sentir que tinha algum problema. Agora (depois dos atentados) realmente mudou tudo, o clima está muito pesado, como jamais visto”. Na manhã deste sábado Alessandro encontrou “tudo fechado” e muitas ruas com acesso de carros ainda proibido e outras, completamente interditadas, e “polícia para todo lado”.

Alessandro diz que não tem ideia de deixar Paris.

“O que chocou foi a sensação de não poder voltar para casa”, finaliza. “Isso foi muito forte e eu senti que se acontecer alguma coisa desse nível, todas suas garantias são retiradas”.

Ouça no áudio do começo do texto.

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