Coletivo critica Vázquez por dizer que tabaco é o grande inimigo das mulheres

Montevidéu, 10 mar (EFE).- O coletivo feminista uruguaio Cotidiano Mulher mostrou nesta terça-feira indignação com o presidente Tabaré Vázquez, que disse que o “principal inimigo” das mulheres é “o consumo de tabaco”, e o acusaram de ser “muito pouco sensível” e de se fazer “de surdo” com relação à realidade.

“Como presidente o que esperávamos era um compromisso contundente deste novo período de governo sobre orçamentos destinados a combater a desigualdade de gênero e a subordinação rumo às mulheres”, disse à “Rádio Monte Carlo” a porta-voz de Cotidiano Mulher, Lilián Abracinskas.

Vázquez, oncologista de profissão, disse na segunda-feira durante uma entrevista coletiva por conta do Dia Internacional da Mulher que “deve estar morrendo mais de uma mulher por dia por câncer de pulmão ligado ao fumo no Uruguai. Uma mulher por dia”.

“Nem a AIDS, nem a tuberculose, nem a violência doméstica, nem o álcool, nem as drogas, nem os acidentes de passagem. Todo isso reunido não as mata como mata o consumo de tabaco”, ressaltou.

“O que despertou as declarações de Vázquez é uma profunda indignação porque há uma situação alarmante, nestes dois primeiros meses do ano, com a situação de violências contra mulheres e familiar, que realmente gerou uma questão de gente se fazer de surda para uma realidade que está latente”, assinalou Abracinskas.

Segundo disse a diretora do Instituto Nacional das Mulheres (Inmujeres), Mariela Mazzotti, no mesmo ato institucional da segunda-feira, já são 13 mulheres mortas “em menos de 70 dias de 2015” por causa da violência.

A luta contra o tabagismo foi a principal bandeira do primeiro mandato de Vázquez (2005-2010), quando iniciou políticas que levaram à empresa americana Philip Morris a processar o Uruguai.

“Estamos chocadas com esta falta de sensibilidade e compromisso. Parece que com as mulheres ele só pode falar como médico, quando na realidade é um governante”, acrescentou a porta-voz feminista sobre o discurso de Vázquez. EFE