Com crise da Venezuela em pauta, OEA inicia 46ª Assembleia-Geral
A Organização dos Estados Americanos (OEA) iniciou, nesta terça-feira (14), a agenda de trabalho da 46ª Assembleia-Geral, que irá decorrer na República Dominicana. As atenções estarão voltadas para a crise da Venezuela e à grave situação financeira da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Entre esta terça e a próxima quarta (15), os ministros das Relações Exteriores e representantes dos 34 países-membros da OEA (todos do continente americano, menos Cuba) debaterão sobre o tema oficial do encontro escolhido pelo país anfitrião, “Fortalecimento institucional para o desenvolvimento sustentável das Américas”.
No total, 27 chanceleres participam do encontro anual de alto nível do bloco e, entre eles, está o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, que realizará uma reunião bilateral com a ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, em paralelo ao encontro.
A atual assembleia-geral é uma das que mais expectativas despertou nos últimos anos pelo fato de o secretário-geral do órgão, o uruguaio Luis Almagro, ter dado um passo sem precedentes, há duas semanas, pedindo a aplicação da Carta Democrática à Venezuela.
Esse debate colocou todos os olhares sobre a Organização, que, no dia 23 de julho, discutirá, em sua sede de Washington, se dá sequência ao processo de invocação da Carta, o que poderia levar a gestões diplomáticas, convocação urgente de uma reunião de chanceleres e, em último caso, à suspensão da Venezuela do órgão.
Os países da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), liderados por Caracas, anunciaram, na semana passada, que aproveitarão a assembleia-geral para expressar sua rejeição frontal à aplicação da Carta Democrática.
Almagro, que, em Washington, tinha dito que “não entenderia” se o tema venezuelano não fosse abordado nesta discussão, voltou atrás, no passado domingo (12), já em Santo Domingo, ao afirmar que o assunto deveria ficar de fora da pauta.
No entanto, o presidente da República Dominicana, Danilo Medina, inaugurou a assembleia-geral com uma mensagem de apoio a “toda iniciativa de diálogo na Venezuela”, especialmente às negociações lideradas pela União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e pelos ex-presidentes José Luis Rodríguez Zapatero (Espanha), Leonel Fernández (República Dominicana) e Martín Torrijos (Panamá).
Medina abriu a reunião continental em cerimônia de gala no Teatro Nacional de Santo Domingo, acompanhado por Almagro e dos chanceleres e alto representantes dos 34 países-membros da OEA.
O presidente dominicano, anfitrião do encontro, também chamou a OEA para que “quite sua dívida histórica” com o país e “aprove uma resolução de desagravo por seu desempenho na intervenção americana de 1965”.
Outro tema na mira é a CIDH, órgão autônomo de direitos humanos do bloco, que vive a pior crise financeira de sua história e terá que demitir 40% de seus funcionários (30 pessoas) em julho e suspender os trabalhos essenciais se não receber, até quarta, os US$ 2 milhões necessários para cumprir suas atividades até o fim do ano.
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