Com pombas brancas México diz “até mais” a Roberto Bolaños

  • Por Agencia EFE
  • 30/11/2014 22h49

Sandra Parra.

Cidade do México, 30 nov (EFE).- Pombas brancas sobrevoaram neste domingo o Estádio Azteca da Cidade do México para se despedir do comediante Roberto Gómez Bolaños, mais conhecido e chamado carinhosamente no país de “Chespirito”, em uma homenagem em que se disse a ele “até mais” e obrigado por criar personagens imortais como Chaves e Chapolin Colorado.

Dezenas de pequenos Chaves, Chapolins Colorados e a esposa do ator, Florinda Meza, foram os encarregados de libertar os pombos, que deram voltas por todo o estádio, após uma cerimônia religiosa.

“Se vê, se sente, Chaves está presente”, gritaram os fãs do comediante, que morreu aos 85 anos na sexta-feira passada no balneário de Cancún, onde passou seus últimos anos de vida afligido por problemas respiratórios e de pressão.

Mariachis, canções de seus fãs, flores brancas e aplausos também foram uma constante ao longo da homenagem, em que os presentes não encheram nem a metade do Estádio Azteca, com capacidade para 100.000 pessoas.

As crianças que personificaram os personagens emblemáticos de “Chespirito” também cantaram uma canção inédita na qual lhe chamavam de “gênio, mestre e amigo”.

“Sem querer querendo”, Bolaños fez seus fãs chorarem na homenagem no Azteca.

“Senti muita, muita tristeza quando morreu”, disse à Agência Efe entre lágrimas Natalia Isidra, que foi uma das milhares de mexicanas que foram se despedir do comediante.

Vestida com uma capa vermelha e um gorro alusivo ao Chapolin, a mulher disse que foi ao local para deixar seu carinho e flores para Bolaños, como pediu a convocação da emissora “Televisa”.

“Viemos três gerações; eu, minha filha e meu neto, porque todos crescemos vendo seus programas”, contou a avó.

Na cerimônia de despedida não importou nacionalidade, etnia, idade nem condição social. Todos se uniram em torno de um mesmo propósito, dizer “obrigado por tudo” a “Chespirito”, diminutivo espanholizado de Shakespeare com o qual o diretor de cinema Agustín Delgado batizou Bolaños.

“Para mim Chespitito foi um personagem muito exclusivo, especialmente para meus filhos. Desde muito pequena para mim todos seus programas me encantavam e como estava de turismo por aqui quis vir para me despedir”, contou a colombiana Doris Charry.

A comunidade venezuelana residente no México também esteve presente na despedida ao pai de personagens como Chiquinha, Professor Jirafales, Jaiminho o Carteiro e Doutor Chapatín.

“Assisti à homenagem porque o fato de desde menina ver e meus filhos ainda virem Chaves é como uma corrente que não se quebra e não se quebrará nunca, porque vai ficar presente para toda a vida”, afirmou a venezuelana Alesbeth Reyes, que foi ao Azteca com sua filha vestida como a personagem Popis, da série Chaves.

“Que bonita vizinhança, é a vizinhança do Chaves. Não valeria meio centavo, mas é linda de verdade”, se cantou na despedida, na qual também se viram tremular algumas bandeiras do Brasil e do Chile.

O Estádio Azteca foi o palco escolhido para dar o último adeus ao mais célebre torcedor do clube local América, que vestiu de gala sua casa para homenagear o criador de “El Chanfle”, filme no qual “Chespirito” mostrou sua paixão pela equipe e pelo futebol.

O Azteca recebeu pouco depois das 14h (horário local, 18h em Brasília) o caixão com o corpo de Bolaños proveniente das instalações da “Televisa”, onde no sábado a empresa em que trabalhou fez uma homenagem privada.

O barril e os símbolos de Chaves e Chapolin acompanharam “Chespirito” no cortejo fúnebre, no qual o caixão foi exibido ao longo do percurso em uma urna de vidro.

Atrás do carro fúnebre especial iam caminhonetes brancas nas quais viajavam os familiares de Bolaños, entre eles seus seis filhos e Florinda Meza, a famosa Dona Florinda da série do Chaves.

Florinda ficou aborrecida na cerimônia no Azteca porque não a deixaram caminhar com liberdade quando foi libertar uma pomba. No início da despedida a esposa do comediante foi a primeira a pôr flores brancas no campo.

Embora tenha desaparecido sua pessoa, Bolaños viverá sempre na memória de seus fãs com os programas Chaves e Chapolin Colorado, que continuam sendo exibidos na televisão latino-americana, após mais de quatro décadas de criados. EFE

sp/ma

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