Comandante da PM diz que vândalos não eram caminhoneiros nem funcionários da Ceagesp
A Jovem Pan acompanhou ao vivo as manifestações que se transformaram em atos de vandalismo na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), à Av. Doutor Gastão Vidigal, 1946, próxima à Marginal Pinheiros. Os atos teriam começado contra a nova cobrança de estacionamento, que iniciou hoje. Mas, segundo o comandante-geral da Policia Militar do Estado de São Paulo, Benedito Roberto Meira, um pequeno grupo externo se infiltrou nos protestos e causou a destruição.
“O responsável pela Ceagesp disse taxativamente que os protagonistas daquelas ações de vandalismo não eram eram funcionários do Ceagesp, não eram carregadores, também não eram motoristas”, afirma. “Eram pessoas que entraram dentro do Ceagesp, aproveitaram a situação e iniciaram a depredação e o vandalismo”, disse o coronel Meira. O contato com o qual ele coletou essa informação foi com o deputado estadual do PT Luiz Claudio Marcolino, que teria um informante de dentro do local. Policiais que chegaram ao local confirmaram a informação.
O Coronel Meira disse que a Ceagesp será fechada para facilitar as investigações do que realmente aconteceu no local, com o uso de imagens dos veículos de comunicação.
O repórter Tiago Muniz relatou cenas de placas de sinalização derrubadas, cabines completamente destruídas, correria e confusão generalizada. Um caminhão-pipa foi direcionado ao local para tentar conter focos de incêndio no meio da rua, mas foi recebido com hostilidade pelos manifestantes, que vandalizaram o caminhão, destruindo-o. Outros veículos foram destruídos e incendiados e um prédio administrativo da Ceagesp foi depredado.
Edson de Almeida, funcionário da empresa Relocar, que teve um dos guinchos depredado e incendiado, confirma a versão do coronel Meira. “O pessoal que estava envolvido não era de carregadores”, diz Almeida, que também lamenta o fato de não ter seguro dos guinchos destruídos, de custo de cerca de R$ 150 mil.
Demora
Às 12h50, a Polícia Militar conseguiu entrar no local. A tropa de choque avançou em direção ao epicentro da confusão com o objetivo de liberar a área para a atuação do corpo de bombeiros. Cinco viaturas aguardavam do lado de fora do Ceagesp para poder entrar no local e controlar pelo menos dois grandes focos de incêndio, um próximo à Gastão Vidigal e o outro em prédio perto da praça do relógio do complexo.
De quatro a cinco pelotões da tropa de choque, totalizando cerca de 120 policiais, de acordo com o tenente Coronel da PM Mauro Lopes. A atuação teve efeito e os cerca de 300 manifestantes se espalharam pela grande área do complexo, de cerca de 700 mil m².
Questionado por que a polícia não entrou em ação antes, sendo que a manifestação começou por volta das 11h, o coronel diz que a situação parecia “relativamente sob controle”, até algumas poucas pessoas estimularem os manifestantes ao vandalismo. “É um pequeno grupo que contagia os demais”, diz. Tiago Muniz, porém, que acompanhava os protestos desde seu início, diz que neste horário (às 11h), a situação já era complicada.
“Quando eu tenho uma situação previsível, é fácil mobilizar e planejar. Quando eu tenho uma situação imprevisível, fica mais difícil”, diz o coronel. O comandante-geral da PM de São Paulo confirmou a versão de Mauro Lopes e disse que a PM foi convocada “a partir do momento em que houve uma quebra da ordem com ação de vandalismo”. Ambos relataram dificuldades também por causa do deslocamento na cidade de São Paulo. Meira lamentou haver apenas um posto central da PM (na região da Luz) e disse que, se fossem por meio de motos, a polícia poderia ter chegado antes, mas foram deslocados veículos grandes.
“Praça de guerra”
Em mais de 40 minutos de confusão a partir das 12h, a situação não havia sido apaziguada. Alguns manifestantes lançavam pedras e pedaços de madeira, enquanto um caminhão pegava fogo e lançava densas fumaças pretas ao ar.
As causas iniciais do ato pareciam não ser mais evidentes, uma vez que a manifestação se tornou generalizada e muitos mascarados eram vistos em meio aos caminhoneiros. No “corre-corre”, algumas pessoas se refugiavam dentro dos boxes das empresas que usam o armazém paulistano.
O trânsito nas redondezas ficou complicado com a situação. Todos os caminhões que iam em direção ao entreposto não conseguiam entrar por causa da confusão. Também nenhuma força pública de segurança havia conseguido acessar as dependências da Ceagesp até as 12h19.
O helicópetro Águia da PM fazia voos rasantes de reconhecimento, em altura muito baixa, na área dos protestos às 12h37, chamando a atenção dos manifestantes. Quando a tropa de choque foi convocada, os manifestantes se dispersaram e a situação foi apaziguada.
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