Comandante sérvio-bósnio diz que não recebeu ordens de atacar de Mladic
Haia, 19 mai (EFE).- A defesa do ex-general sérvio-bósnio Ratko Mladic começou nesta segunda-feira no Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII) com o interrogatório da primeira testemunha, um comandante servo-bósnio que afirmou nunca ter recebido ordens do acusado de atacar a população civil.
A equipe de defesa escolheu como primeira testemunha Mile Sladoje, um ex-comandante que serviu no exército servo-bósnio em Sarajevo.
O ex-militar afirmou que nunca recebeu ordens diretas de Mladic para atacar a população civil na capital bósnia.
O depoimento de Sladoje se focou nas estratégias do exército sérvio-bósnio nos ataques realizadas em 1994 no contexto da guerra da Bósnia (1992-1995).
De acordo com o ex-comandante, o exército sérvio-bósnio atuou de maneira “defensiva” diante de ataques em sua maioria cometidos por muçulmanos, mas não tinha como objetivo o ataque sistemático da população civil, como sustenta a promotoria.
Os advogados de Mladic rejeitaram deliberadamente começar a defesa com as usuais alegações iniciais, nos quais se faz um resumo das linhas gerais argumentativas, e optaram por realizar diretamente o interrogatório das testemunhas, segundo informou à Agência Efe uma porta-voz do TPII.
Mladic, de 72 anos, acompanhou a sessão sentado no banco dos réus. A defesa terá 207 horas para apresentar seus argumentos, mesmo tempo utilizado pela promotoria.
O ex-general sérvio-bósnio é acusado de crimes de guerra e contra a humanidade, entre eles genocídio, cometidos durante a guerra da Bósnia, assim como pelo massacre de Srebrenica, um enclave protegido nessa data por soldados da ONU de nacionalidade holandesa.
Ratko Mladic foi acusado em julho de 1995, e após permanecer por quase 16 anos foragido da justiça, foi detido em 26 de maio de 2011.
Seu julgamento começou em 15 de abril de 2014 com as alegações iniciais da promotoria.
Em abril, os juízes rejeitaram o pedido da defesa para que Mladic fosse absolvido das acusações contra si, possibilidade abrangida pelo tribunal após a promotoria apresentar seus argumentos. EFE
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