Combate à pobreza nos EUA retorna à cena política 50 anos depois
Cristina García Casado.
Washington, 8 jan (EFE).- O combate contra a desigualdade social nos Estados Unidos volta a ser protagonista na arena política quando o discurso com o qual o presidente Lyndon B. Johnson declarou a “Guerra à pobreza” completa 50 anos, uma batalha que atualmente é disputada por democratas e republicanos.
O presidente americano, Barack Obama, que defende com afinco seus programas sociais diante de uma ferrenha oposição republicana, não quer desperdiçar a ocasião do simbólico aniversário, por isso que nesta quinta-feira anunciará um pacote de cinco medidas para a reativação econômica e social, as chamadas “Zonas Promessa”.
Obama anunciou essa iniciativa pela primeira vez durante o discurso sobre o Estado da União do ano passado, como uma maneira de colaborar com as comunidades locais e as empresas para “criar postos de trabalho, aumentar a segurança econômica, ampliar o acesso às oportunidades educativas e de habitação acessível, e melhorar a segurança pública”.
Segundo a Casa Branca, o plano faz parte do objetivo do presidente de lutar contra a pobreza infantil e de dar a todas as crianças americanas “uma oportunidade justa de sucesso”.
As primeiras cinco “Zonas Promessa” estarão localizadas em San Antonio (Texas), Filadélfia (Pensilvânia), Los Angeles (Califórnia), no sudeste de Kentucky e em Oklahoma.
A iniciativa de Obama chega 50 anos depois que outro presidente democrata, Lyndon Johnson, anunciou uma luta para acabar com a pobreza no país durante seu primeiro discurso sobre o Estado da União diante do Congresso, que pronunciou dois meses após ter substituído o falecido presidente John F. Kennedy no cargo.
Por ocasião do 50º aniversário desse histórico discurso, a Casa Branca publicou ontem um extenso relatório de 53 páginas no qual destaca o papel do governo neste meio século para combater a pobreza.
O documento, elaborado pelo Comitê de Conselheiros Econômicos da Casa Branca (CEA, sigla em inglês), indica que a pobreza nos EUA caiu de 26%, em 1967, para 16 % em 2012.
No entanto, o governo americano admitiu que “é necessário trabalhar mais” para ajudar os 49,7 milhões de americanos que vivem abaixo da linha da pobreza, entre eles 13,4 milhões de crianças.
O plano de Johnson incluiu 15 programas sociais, criados entre 1964 e 1968, que seus sucessores, tanto democratas como republicanos, quiseram consolidar ou reformar.
Neste início de 2014, devido às eleições legislativas de novembro e já com as presidenciais de 2016 em mente, os dois partidos fizeram do debate sobre a pobreza um eixo de sua batalha política, mas de dois pontos de vista antagônicos.
Os democratas, com Obama à frente, defendem que a desigualdade nos EUA deve ser reduzida através de programas e ajudas sociais, por isso apoiam a renovação do seguro desemprego e o aumento do salário mínimo.
No entanto, os republicanos discordam.
O senador Marco Rubio, da Flórida, um dos potenciais candidatos do Partido Republicano à nomeação para as presidenciais de 2016, reivindicou nesta quarta-feira o casamento e a mobilidade econômica como medidas para se acabar com a pobreza nos EUA.
“Minha maior preocupação é que os programas que temos contra a pobreza ajudam a aliviar a dor da pobreza, mas não fazemos o suficiente para ajudar as pessoas a superarem as causas, as coisas que não as permitem sair dessa situação”, disse o legislador.
Segundo o senador cubano-americano, há 50 anos, quando Johnson lançou seu programa, 93% das crianças nascidas nos Estados Unidos eram filhos de pais casados. Em 2010, comparou, o número caiu para 60%.
“Não deve ser uma surpresa que 71% das famílias pobres com filhos são famílias que não são formadas por um casal”, considerou.
Nesse contexto, e com o Congresso mais dividido da história, republicanos e democratas voltaram a colocar o combate à pobreza no centro do debate político, o mesmo lugar em que Lyndon Johnson o colocou há 50 anos. EFE
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