Combate ao tráfico de drogas foi principal conquista de Hernández em Honduras

  • Por Agencia EFE
  • 10/12/2014 18h10
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Germán Reyes.

Tegucigalpa, 10 dez (EFE).- O governo de Honduras deu duros golpes no tráfico de drogas neste ano com a desarticulação de quadrilhas e laboratórios para a elaboração de drogas, principalmente cocaína, e a entrega de supostos líderes locais do esquema à justiça dos Estados Unidos.

Um escudo aéreo unilateral no Caribe e outro naval, coordenado com os EUA, reduziram consideravelmente a entrada de drogas procedentes da América do Sul, segundo o presidente hondurenho, Juan Orlando Hernández, que prometeu combater o tráfico de drogas assim que chegou ao poder, em 27 de janeiro.

Honduras iniciou o escudo aéreo há oito meses, apesar das ressalvas dos Estados Unidos. O governo americano alertou para o risco de aviões com inocentes a bordo serem derrubados.

O problema do tráfico de drogas resultou em duas visitas nesse ano à capital Tegucigalpa do subsecretário de Estado dos EUA para Antinarcóticos e Segurança, William Brownfield, acompanhado do chefe do Comando Sul, John Kelly, que esteve no Caribe hondurenho para observar a assistência de Washington.

Brownfield disse na primeira visita, em fevereiro, que levava boas notícias em muitos sentidos, que Honduras e Estados Unidos colaboraram, estão e “continuarão colaborando neste esforço tão complicado, mas tão importante ao longo dos próximos anos”.

Sobre uma nova lei hondurenha que permite a derrubada de aeronaves suspeitas de transportar drogas caso não sigam ordens para aterrissar, Brownfield disse que cada país tem leis próprias, mas que “ninguém quer ver aviões de inocentes sendo derrubados”.

O escudo aéreo está em atividade há oito meses e, segundo as autoridades locais, mais de 4 toneladas de cocaína já foram apreendidos em diversas operações por ar, mar e terra executadas pelas forças de segurança que combatem o narcotráfico.

No início do governo de Hernández também foram desmantelados, no oeste do país, pelo menos dois laboratórios com químicos para processar drogas procedentes da Colômbia e da Alemanha.

Durante os governos de Manuel Zelaya e Porfirio Lobo eram frequentes as aterrissagens de aeronaves carregadas de drogas em pistas clandestinas em comunidades dos departamentos de Gracias a Dios, Colón, Islas de la Bahía, Atlántida Yoro e Olancho, no Caribe, norte e leste do país centro-americano.

Hernández, que reiterou que o combate ao tráfico de drogas em seu país e na América Central deve ser uma “responsabilidade compartilhada” com os Estados Unidos por ser o principal consumidor de drogas, considera que embora tenham sido feitos “duros golpes” contra os traficantes, ainda “não é suficiente”.

O governante também disse em Tegucigalpa e Washington que o problema do tráfico de drogas em seu país e no resto da América Central é de “vida ou morte” porque muitas pessoas morrem por causa das drogas. Para os Estados Unidos, o maior consumidor, é apenas “um assunto de saúde”.

A luta de Honduras contra as drogas incluiu neste ano a apreensão de propriedades de supostos traficantes como fazendas, residências de luxo, aviões, helicópteros, armas, veículos, um zoológico e dinheiro, entre outros bens.

Além disso, uma reforma na lei permitiu, entre maio e outubro, a entrega de pelo menos dois supostos traficantes hondurenhos aos Estados Unidos, que os acusa de ter levado drogas ao território americano.

O governo dos EUA tem em lista composta por pelo menos dez supostos traficantes hondurenhos que estariam sendo entregues pela justiça do país centro-americano, onde durante muito tempo os traficantes atuaram sem serem perseguidos pelas autoridades, inclusive quando tinham o paradeiro e as atividades conhecidas.

Segundo fontes do Poder Judiciário, os EUA pretendem julgar cerca de 20 de hondurenhos por entrarem no território americano com drogas.

Hernández declarou no final de novembro que a extradição de traficantes “não deve mais causar espanto” entre os hondurenhos porque isso passou a ser “algo normal e de acordo com a lei”.

A frase do presidente hondurenho que diz que “acabou a festa” para os traficantes de drogas parece estar sendo cumprida, embora em assuntos como segurança o governante não tenha atingido os resultados que esperava.

Em 2013, a média de mortes violentas por dia no país era de 20 casos. Apesar de ter reduzido esse número, Honduras continua a registrar altos índices de criminalidade, cerca de 14 casos diários, segundo a Secretaria de Segurança.

No dia 3 de dezembro, a Suprema Corte de Justiça negou um recurso pedido pela defesa do suposto traficante de drogas José Inocente Valle e sua esposa Marlen, Griselda Amaya, também reivindicados pelos Estados Unidos, que os acusam de fazerem parte da quadrilha conhecida como “Valle Valle”.

A luta contra o tráfico de drogas em Honduras não foi fácil porque, entre outros fatores adversos, havia membros da polícia e do exército ligados aos traficantes.

Honduras foi, durante muito tempo, um paraíso para os traficantes de droga, principalmente de cocaína, onde operavam e faziam circular a droga de leste a oeste do país até levá-la aos Estados Unidos, sem que nenhuma autoridade os “visse”. EFE

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