Combates pelas infraestruturas de energia da Líbia deixam 20 mortos
Mohammed Abdelkader.
Trípoli, 25 dez (EFE).- Os combates entre milícias rivais se intensificam ao longo do golfo de Sirte, no leste e nordeste da Líbia, centrados no controle de infraestruturas elétricas e petrolíferas do país, e deixaram pelo menos 20 mortos e dezenas de feridos nas últimas horas.
Pelo menos quatro soldados morreram e 27 ficaram feridos nos combates travados nesta quinta-feira entre milícias islamitas e as forças leais ao general líbio sublevado Jalifa Hafter para controlar o porto petroleiro de Sidra, o maior do país, situado no golfo de Sirte.
Os combates, que ainda continuam, foram iniciados pelas forças da operação militar “Churuk” do governo islamita de Trípoli contra os guardas de jazidas petrolíferas liderados por Ibrahim Yidran.
Yidran está apoiado pelas forças do general Hafter que bombardearam nesta manhã as milícias islamitas de Fayer Líbia (que atuam junto com as forças da operação “Churuk”) que tentaram chegar ao porto.
Segundo fontes de segurança da região, o número de vítimas poderá aumentar nas próximas horas pela intensidade e continuidade dos combates.
As fontes acrescentaram ainda que um depósito petrolífero do porto de Sidra se incendiou no meio dos enfrentamentos.
Um responsável do setor petroleiro em Trípoli, que preferiu manter o anonimato, disse à Agência Efe que os aviões do general Hafter atingiram um dos depósitos do porto e este pegou fogo.
O porto de Sidra abrange 16 depósitos que armazenam 3,5 milhões de barris de petróleo, acrescentou a fonte.
A crise da Líbia remonta à queda do regime de Muammar Kadafi em 2011 e desde então não se conseguiu restabelecer a ordem e a segurança no país.
Neste momento na Líbia existem dois governos, dois parlamentos e dois Estados Maiores paralelos sustentados por sua vez por milícias diferentes: as instituições de Trípoli são apoiadas pelas milícias islamitas (moderadas) de Fayer Líbia, enquanto as de Tobruk – que gozavam de reconhecimento internacional – são apoiadas pelas de Hafter.
O governo de Trípoli lançou recentemente a operação militar “Churuk” com o objetivo de tomar o controle dos portos para que não caiam em mãos de milícias rivais ou dos movimentos federalistas que tentam criar uma instituição paralela à Companhia Nacional de Petróleo e controlar a venda do petróleo.
Uma fonte das tropas de “Churuk” disse à Efe que a operação de hoje nas imediações do porto de Sidra constitui “a segunda etapa” de sua estratégia militar, sem dar mais detalhes a respeito.
O coronel Ismael Chukry, porta-voz da “Churuk”, afirmou recentemente que sua operação tem como objetivo “libertar os terminais petrolíferos expulsando os grupos fora da lei” que os controlam.
Os portos petroleiros do nordeste líbio (Sidra e Ras Lanuf) foram ocupados em julho de 2013 por grupos armados formados por seus próprios trabalhadores e milícias locais, que denunciaram a corrupção das administrações governamentais.
À medida que o conflito se aguçou, os rebeldes liderados por Yidran adotaram uma atitude de resistência política e exigiram a formação de um Estado federal na Líbia.
Por outra parte, pelo menos 16 soldados do exército de Trípoli morreram hoje em um ataque lançado por um grupo de desconhecidos contra a usina de produção de energia elétrica situada na cidade de Al Kabiba, no golfo de Sirte.
Fontes do hospital local disseram à Efe que 14 soldados que vigiavam a usina elétrica morreram após serem atacados a tiros e que dois corpos foram achados nos arredores do local do ataque.
No domingo passado, a usina elétrica foi alvo de um ataque aéreo de homens leais ao general Hafter, que causou grandes danos materiais no local onde estão os oficinas e os depósitos de combustível.
O ataque agravou ainda mais a situação na Líbia, que sofre uma grave crise de fornecimento elétrico. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.