Combates prosseguem na Líbia apesar do reatamento do diálogo
Trípoli, 13 fev (EFE).- Os combates prosseguiram nas últimas horas em diferentes partes da Líbia, apesar do reatamento na terça-feira das negociações de paz no oásis meridional de Gadamés, informaram à Agência Efe fontes de segurança e médicas.
Os combates reduziram sua intensidade na cidade de Benghazi, a segunda em importância do país, palco no entanto de novos bombardeios por parte do general rebelde Khalifa Hafter.
Pelo menos cinco seguidores de Hafter, entre eles o comandante Khaled Fakhri al Sabri, morreram na quinta-feira em enfrentamentos com unidades das milícias islamitas “Maylis al Shura” -apoiadas pelo governo rebelde em Trípoli- na cidade de Groth ao oeste de Benghazi, indicaram as fontes.
A cidade é palco dos combates desde que em maio Hafter, um ex-oficial do Exército do derrubado ditador Muammar Kadafi que com o tempo se transformou um dos principais opositores no exílio, lançou uma operação, com apoio da aviação e da artilharia, para tentar debilitar a influência do parlamento cessante e rebelde de Trípoli.
Desde então, Benghazi sofre com contínuos e progressivos cortes de luz e água, além de problemas de abastecimento de carburantes, comida e outros produtos de primeira necessidade, e onde além disso são cometidos supostos crimes de guerra.
Nos últimos dias, cerca de 75 corpos sem identificação chegaram a ser acumulados na necrotério de um dos principais hospitais de Benghazi, dos quais 41 foram enterrados sem que se soubesse se eram de civis ou de militares.
Matanças similares ocorreram em outras zonas do país, como a cidade meridional de Sabha, onde quatro pessoas, três delas mulheres, morreram e dez mais ficaram feridas ontem à noite pelo impacto de um míssil em uma barraca onde era realizado um casamento, informaram à Efe fontes de segurança neste oásis.
Na quarta-feira, também em Sabha, outras três pessoas -entre elas um guarda de Segurança- morreram em enfrentamentos junto a um edifício da administração local.
A Líbia é um Estado fracassado, vítima do caos e da guerra civil, desde que em outubro de 2011 a Otan apoiou com bombardeios aéreos os rebeldes e contribuiu para derrubar o regime ditatorial de Kadafi.
Desde então, esta nação mediterrânea está dividida, com um governo rebelde em Trípoli e outro internacionalmente reconhecido em Tubruk, que lutam pelo controle da política e dos recursos naturais -especialmente o cru- apoiados por seguidores do antigo regime, milícias islamitas e nacionalistas, líderes tribais e senhores da guerra que traficam armas, pessoas e drogas.
Na terça-feira, as facções em combate retomaram as negociações de paz, de forma indireta e secreta em Gadamés, sob a mediação do enviado especial da ONU para o conflito líbio, Bernardino León.
Em entrevista coletiva oferecida na citada cidade do deserto, o diplomata qualificou este novo contato de “positivo” e explicou que seu primeiro objetivo é fixar um mecanismo que permita conter os combates que há três semanas assolam o país, em particular a cidade de Benghazi.
“Foi um diálogo indireto no qual discutimos de forma construtiva sobre diversos temas. Vamos (agora) estudar em detalhes o conteúdo das discussões e nos próximos dias continuaremos com o diálogo, já de forma direta. É preciso tomar decisões rapidamente”, disse León.
Está previsto que as partes voltem a se reunir, agora de forma direta, em 17 de fevereiro, em uma zona que será determinada do território líbio, que pode voltar a ser o oásis de Gadamés. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.