Começa julgamento de Jason Rezaian, jornalista acusado de espionagem no Irã
Teerã, 26 mai (EFE).- O jornalista irano-americano do jornal “Washington Post” Jason Rezaian prestou depoimento nesta terça-feira à justiça iraniana após mais de dez meses preso, acusado formalmente, junto com outras duas pessoas, de espionagem e de propaganda hostil contra o Irã.
A agência oficial iraniana “Irna” informou que Rezaian e os outros dois acusados foram levados ao Tribunal da Revolução número 15 da capital iraniana, uma corte especializada em julgar crimes contra a República Islâmica, onde o julgamento contra os jornalistas acontecerá a portas fechadas.
Em declarações recolhidas pela agência Tasnim, a advogada de Rezaian, Leila Ahsan, afirmou que a procuradoria de Teerã acusa o jornalista de espionagem, por ter colhido informação sobre temas de “política interna e exterior” iraniana e fornecê-la a “pessoas indevidas”.
“As outras acusações de Jason são o acesso e a coleta de informação confidencial em cooperação com estados hostis; escrever uma carta ao presidente dos EUA; e fazer propaganda contra o regime da República Islâmica do Irã”, afirmou a advogada.
Rezaian foi detido junto com sua esposa, Yeganeh Salehi, correspondente do jornal dos Emirados Árabes Unidos “National” e uma fotógrafa free lancer que tinha trabalhado para o “Washington Post” e seu marido, todos eles exceto Salehí com dupla nacionalidade, iraniana-americana.
A fotógrafa e seu marido foram libertados semanas depois, e Salehi foi solto mediante o pagamento de fiança em outubro do ano passado.
Teerã não reconhece o status de dupla nacionalidade, por isso não permitiu a nenhum dos americanos ter acesso à assistência consular.
Desde que o jornalista foi detido o governo dos Estados Unidos não deixou de pedir sua libertação, qualificando como “absurdas” as acusações contra o jornalista.
O diretor do “Washington Post”, Martin Baron, também afirmou reiteradamente que as acusações contra o jornalista são “absurdas e insultantes” e pediu que todas as acusações contra Rezaian e sua esposa fossem retiradas.
Além disso, Baron também denunciou em um editorial publicado no jornal as “injustiças” que rodearam todo o caso e o fato de o julgamento ser a portas fechadas, o que impedirá Rezaian de receber “o atendimento que precisa”.
No início de maio o site Change.org tinha recolhido mais de 400 mil assinaturas que pediam ao Irã a libertação “imediata e incondicional” de Rezaian, uma iniciativa que foi apoiada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e por vários jornalistas de todo o mundo.
O último relatório da ONG Repórteres Sem Fronteiras sobre o Irã sustenta que há no país 65 jornalistas e blogueiros detidos, a maioria acusada de crimes como “atentar contra a segurança nacional”, “fazer propaganda contra o Estado”, “divulgar falsidades” e “perturbar a ordem pública”. EFE
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