Comissário de Migração da UE admite que legislação de Dublin não funciona

  • Por Agencia EFE
  • 07/09/2015 15h19

Traiskirchen (Áustria), 7 set (EFE).- O comissário europeu de Migração, Dimitris Avramopoulos, reconheceu nesta segunda-feira que a legislação de Dublin, que prevê que os imigrantes devem ser atendidos pelo país em que entraram na União Europeia, “não funciona corretamente” e deve ser revisada.

“Dublin precisa ser revisada, mas enquanto existir deve ser respeitada” pelos Estados-membros da União Europeia, advertiu durante uma visita à Áustria.

“Nos próximos meses teremos que analisar seus problemas e seus defeitos. Por enquanto é essencial que os Estados-membros (da UE) mostrem solidariedade”, acrescentou Avramopoulos.

A Áustria registrou durante o fim de semana o trânsito de 15 mil refugiados do Oriente Médio, procedentes da Hungria, e que foram até a Alemanha, onde esperam receber asilo.

A Hungria registrou este ano 167 mil refugiados em seu território, e em teoria deveria processar seus pedidos de asilo, embora a enorme maioria destas pessoas peça para seguir rumo ao norte da Europa, principalmente para a Alemanha.

Diante da crise na Hungria, onde milhares de refugiados tentaram subir em trens ou mesmo caminhar em direção a Áustria, os governos de Berlim e Viena aceitaram receber os refugiados sem controlar suas identidades e em deixar o caminho livre para que viajassem.

Em entrevista coletiva, realizada no principal centro de amparo de refugiados na Áustria, em Traiskirchen, perto de Viena, Avramopoulos reconheceu que os países da União “não estavam preparados” para a recente crise migratória.

A onda migratória “está batendo na porta de um país membro da UE atrás de outro”, advertiu o comissário.

“Nenhum país pode enfrentar o assunto sozinho. Só podemos superá-lo se atuarmos como uma verdadeira união, com responsabilidade e solidariedade”, concluiu.

A ministra de Interior da Áustria, Johanna Mikl-Leitner, fez de novo uma chamada a um sistema de cotas obrigatórias para distribuir os refugiados entre os países da UE.

“Não é possível que no futuro só poucos países, como Alemanha, Áustria e Suécia, assumam essa responsabilidade. Precisamos de mais solidariedade”, assinalou a ministra austríaca.

Mikl-Leitner não esclareceu se os refugiados que vieram da Hungria poderão continuar a seguir sem controles até a Alemanha, como aconteceu durante o fim de semana.

A ministra disse que a polícia austríaca voltará a controlar de novo, aleatoriamente, os refugiados, “tendo especial consideração pelas famílias e crianças”. EFE

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