Companheiros de opositor russo qualificam seu assassinato como político
Moscou, 28 fev (EFE).- Os correligionários do líder opositor russo, Boris Nemtsov, assassinado na madrugada deste sábado em pleno centro de Moscou após receber quatro tiros pelas costas, assinalaram que a atividade política do ex-vice-primeiro-ministro russo serviu como motivação para o crime.
“Trata-se de um assassinato político. O assassinato está relacionado com a atividade opositora de Boris. Mataram um dos personagens mais brilhantes da oposição russa, para aterrorizar”, disse Ilia Yashin, conhecido ativista do movimento opositor Solidariedade.
Yashin, militante do movimento político e social do qual Nemtsov era co-presidente, acrescentou que o veterano opositor “recebia periodicamente ameaças de morte nas redes sociais, mas não dava importância para as mesmas, porque acreditava que se quisessem, o matariam”.
O co-presidente junto com Nemtsov do Partido Republicano da Rússia, Mikhail Kasyanov, considerou o assassinato como uma “represália à liberdade, à verdade, por sua avaliação responsável do que está acontecendo” na Rússia.
“Poderíamos imaginar que em pleno século XXI, um líder da oposição seria baleado no centro da cidade? É um assassinato demonstrativo, chocante”, disse Kasyanov à agência “Interfax” no local da tragédia, para onde se deslocou logo após saber da notícia.
O líder do histórico partido opositor Yabloko, Sergei Mitrokhin, qualificou o crime de um “ato terrorista” e exigiu que as autoridades encontrem os responsáveis pela morte de Nemtsov para evitar qualquer sombra de dúvida.
“Eles lançaram um desafio. Foi assassinado um oponente pessoal de (o presidente russo) Vladimir Putin”, comentou Mitrokhin.
A defensora dos direitos humanos na Rússia, Ela Pamfilova, enquadrou o assassinato de Nemtsov no mesmo contexto que as mortes da jornalista opositora Anna Politkovskaya e do jornalista Vlad Listyev, assassinado na década de 1990.
“Não é só um tiro nas costas de Nemtsov. É um disparo nas costas da Rússia”, disse Ela, que conhecia há duas décadas o político assassinado no centro da capital russa.
Nemtsov, vice-primeiro-ministro de dois gabinetes russos em 1997 e 1998, durante a presidência de Boris Yeltsin, recebeu na madrugada de hoje quatro disparos fatais nas costas quando passeava por uma ponte em Moscou, perto do Kremlin, acompanhado de uma jovem procedente da Ucrânia, confirmou o Ministério do Interior da Rússia.
Putin não demorou em afirmar que o crime “tem toda a pinta de um assassinato por encomenda, de caráter extremamente provocador” e assumiu pessoalmente o controle sobre a investigação, disse Peskov, momentos depois que se soube da tragédia.
O assassinato aconteceu a menos de dois dias da passeata de protesto antigovernamental convocada pela oposição extraparlamentar para este domingo na capital russa, mas que acabou sendo cancelada por conta do crime contra Nemtsov.
Os opositores pretendiam reunir pelo menos 100 mil pessoas em Moscou para exigir que o Kremlin ponha fim à ingerência nos assuntos da Ucrânia. EFE
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