Comunidades da bacia amazônica exporão em Pavilhão Indígena da COP20
Lima, 9 jul (EFE).- As cinco mil comunidades nativas que integram a Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica) exporão suas propostas para combater o aquecimento global no Pavilhão Indígena da conferência COP20 em dezembro, segundo anunciaram nesta quarta-feira seus porta-vozes em Lima.
A Coica e o Ministério do Ambiente do Peru assinaram um convênio para garantir a presença das comunidades nativas da região na Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, que será realizada na capital peruana entre os dias 1º e 12 de dezembro.
A coordenadação está formada por 400 organizações indígenas que vivem em 210 milhões de hectares de florestas dos nove países na América do Sul que compartilham a bacia do rio Amazonas: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.
O governo da Noruega financiará este pavilhão com uma contribuição de US$ 1 milhão proveniente de uma iniciativa desse país para a proteção de florestas em mais de 50 países.
O presidente da Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana (Aidesep), Alberto Pizango, explicou hoje em entrevista coletiva que sua organização faz parte da Coica e assumiu um papel de coordenação das 10 propostas que as comunidades nativas levarão à COP20.
Entre as reivindicações das comunidades indígenas estão a titulação das terras, a reorientação do “desenvolvimentismo” por meio da consulta prévia aos povos nativos, o reconhecimento aos conhecimentos ancestrais, a defesa da vida plena na Amazônia e o acesso direto a fundos para a defesa do clima.
A Aidesep pedirá, além disso, a “cessação da perseguição dos defensores indígenas das montanhas e da água”, incluindo as 53 pessoas que estão sendo processadas pela morte de 33 pessoas e o desaparecimento de outra em um violento protesto na cidade amazônica peruana de Bagua em 2009.
Por sua parte, o panamenho Cándido Menzúa, representante da Aliança Mesoamericana de Povos e Florestas, opinou que os países devem aprovar o consentimento livre e informado dos povos indígenas para todo tipo de projetos econômicos em seus territórios.
Menzúa defendeu a necessidade que os povos indígenas tenham acesso a um fundo climático por serem residentes nas florestas tropicais e, portanto, os mais indicados para protegê-las.
O vice-ministro do Ambiente do Peru, Gabriel Quijandría, declarou que a intenção do convênio é “assegurar que as vozes das organizações indígenas sejam escutadas” no processo de negociações sobre a mitigação, recuperação ou conservação das florestas que se dará na conferência de dezembro.
“Parte do compromisso do Ministério do Ambiente é avançar nesta dívida histórica de falta de entendimento e compreensão com as organizações indígenas”, comentou Quijandría.
O vice-ministro explicou que o Pavilhão Indígena terá dois lugares físicos durante a COP20, um dentro da zona da conferência e outro em uma feira climática, onde serão expostas as propostas e projetos das comunidades indígenas da região. EFE
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